3 venenos que destroem patrimônios

Vida & Lucros | Edição #082

Com o passar do tempo, ao observar famílias e patrimônios de diversas proporções, percebi algo que hoje considero uma das maiores verdades do universo financeiro: a principal ameaça ao nosso patrimônio não é o governo, o mercado ou a economia; somos nós mesmos.

São certos comportamentos internos que, quando não controlados, atuam como um veneno silencioso.

Não é a falta de oportunidades, inteligência ou informações.

É a vaidade, o impulso e a procrastinação.

Esses três venenos, acumulados, já destruíram mais patrimônio do que qualquer crise econômica que já testemunhei.

A vaidade nos leva a gastar para impressionar, e não para realmente viver.

Ela nos impulsiona a tomar decisões para surpreender os outros, mesmo que isso custe nossa paz.

As pessoas acabam comprando o que não precisam, investindo em áreas que desconhecem e assumindo riscos desnecessários, apenas para manter uma imagem que, no fundo, não é tão relevante.

A vaidade é perigosamente influente, crescendo rapidamente, alimentando-se de elogios e nunca se sentindo satisfeita.

Quando o dinheiro passa a ser utilizado para manter uma imagem, a vida se transforma em um teatro caro e o patrimônio se torna um mero coadjuvante.

O impulso é outro veneno traiçoeiro.

Ele nos faz agir impulsivamente, guiados pela emoção, sem refletir sobre as consequências.

Compramos porque “todo mundo está comprando”, vendemos por medo, nos lançamos em oportunidades que são brilhantes apenas na teoria.

O impulso confunde a ideia de movimento com evolução, e nada é mais perigoso do que parecer que se está progredindo, enquanto, na verdade, se está cavando a própria cova.

Uma decisão emocional de cinco minutos pode custar anos de reconstrução, e o mercado não tem misericórdia com quem age sem hesitar.

O patrimônio valoriza calma.

O impulso favorece a urgência, que, na maioria das vezes, é inimiga da racionalidade.

Mas, se eu tivesse que elencar o veneno mais destruidor de patrimônio dentre todos, seria o que vem a seguir.

O veneno mais comum e, possivelmente, o mais devastador de todos, é a procrastinação.

Ela não acaba com tudo de uma só vez; ela corrói lentamente.

É o “depois eu vejo” que se arrasta por semanas, meses e até anos.

A pessoa sabe que precisa organizar a sucessão, criar uma reserva, rever os investimentos, estruturar seguros e colocar documentos em ordem, mas nunca toma uma atitude.

Sempre aparece uma nova prioridade, um novo compromisso, uma nova justificativa.

Enquanto isso, o tempo avança, o risco aumenta, os problemas se acumulam e, quando a urgência finalmente chega, já não existem escolhas baratas.

A procrastinação é cômoda enquanto dura e devastadora quando apresenta a conta.

Esses três venenos não atacam apenas os ignorantes.

Eles afetam pessoas inteligentes, bem-sucedidas, educadas e capazes.

Indivíduos que sabem o que deveriam fazer, mas se perdem ao longo do caminho, pois o verdadeiro inimigo não está no cenário externo, mas no comportamento interno.

E essa é a parte difícil de encarar.

É muito mais simples culpar fatores externos como Brasília, o mercado, a inflação, a Selic, as notícias ou qualquer outra circunstância fora do nosso controle.

Raramente é fácil olhar no espelho e reconhecer que muitas das dificuldades financeiras que enfrentamos foram causadas por nós mesmos.

A boa notícia é que existe um antídoto.

Ele não está em uma fórmula mágica, nem em um produto financeiro perfeito, nem na busca pela “melhor estratégia do momento”.

O antídoto reside na humildade de substituir a vaidade, na disciplina para conter o impulso e na constância para vencer a procrastinação. 

Não se trata de se tornar um eremita financeiro, mas sim de criar pequenas regras pessoais que te protejam de si mesmo.

Patrimônio não se edifica com genialidade.

Patrimônio se forma através da maturidade.

Proteger o que foi construído é um ato de responsabilidade, não apenas consigo mesmo, mas com aqueles que dependem de você.

O maior risco para o seu dinheiro não está no mundo exterior.

Ele reside no seu próprio comportamento.

Domar os venenos internos é um trabalho silencioso, por vezes entediante, por vezes desconfortável, mas libertador.

Porque, quando você deixa de desperdiçar energia com o que destrói, começa a multiplicar o que constrói.

Até a próxima,

Gus

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