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Brasil: ame-o, mas deixe-o!
Vida & Lucros | Edição #015
Não procure a agulha no palheiro. Compre o palheiro!
Usar investimentos para acumular patrimônio ao longo da vida de forma satisfatória depende de cinco principais variáveis:
Quanto você consegue poupar ao longo do tempo.
Quanto você consegue investir ao longo do tempo (poupar e investir são coisas diferentes).
Com qual frequência você investe (toda semana, todo mês, a cada bimestre, a cada trimestre...).
Com qual regularidade você investe (todo mês sem falhar? Faz por 6 meses e depois desiste?).
Por quanto tempo você investe (por quantos anos?).
Apesar de simples, todas essas variáveis são extremamente difíceis de serem cumpridas, por um único motivo:
Investir é muito mais emocional do que racional, porque o ser humano é mais emoção e menos razão.
Sejamos sinceros.
Sem um planejamento bem feito e um compromisso verdadeiro consigo mesmo, as chances de você acumular patrimônio ao longo dos anos e alcançar a liberdade financeira investindo são baixas, mesmo que sua renda aumente com o tempo.
Mas, ainda que as cinco variáveis acima sejam cumpridas, há um sexto item que pode acelerar - e muito - o processo de enriquecimento, e é sobre ele que vamos dedicar essa edição da Vida & Lucros:
Onde você investe
É isso mesmo.
Em qual país ou região você investe?
Em quais ativos você investe?
Isso importa e pode ter grande influência na rentabilidade da sua carteira ao longo dos anos.
WYSIATI e seus investimentos
O termo WYSIATI, sigla para "What You See Is All There Is" (em português, "O que você vê é tudo o que existe"), foi cunhado por Daniel Kahneman e é discutido no seu livro "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar".
Daniel Kahnemann (05/03/1934 - 27/03/2024)
Esse conceito se refere à tendência humana de tomar decisões e formar opiniões baseadas apenas nas informações disponíveis, sem considerar a possibilidade de haver outros dados relevantes que não estão presentes no momento.
WYSIATI ocorre porque nossos cérebros buscam simplicidade e coerência nas informações que temos à mão, levando-nos a subestimar ou ignorar a complexidade da realidade.
Isso nos faz confiar excessivamente nas informações que temos, mesmo que sejam incompletas ou enviesadas.
No contexto dos investimentos, WYSIATI pode levar investidores a tomarem decisões baseadas apenas nas informações que estão facilmente acessíveis ou familiares, sem considerar dados mais amplos e relevantes que possam influenciar a tomada de decisão.
Isso pode resultar em um portfólio mal diversificado e em decisões de investimento prejudiciais.
WYSIATI está em você?
Se seu patrimônio está todo investido no Brasil, eu tenho uma boa e uma má notícia.
Qual você quer primeiro?
A má, pra se livrar logo, suponho (eu preferiria).
Bem, vamos a ela:
WYSIATI está em você!
Quem investe somente em seu país de origem sofre do que chamamos de viés doméstico.
Investir apenas no Brasil limita as oportunidades de diversificação e potencial de retorno, além de aumentar a exposição aos riscos específicos do Brasil, como instabilidade política (será que temos por aqui?!), variações econômicas locais e crises específicas do mercado.
Ao fazer isso, você ignora o fato de que o Brasil representa uma pequena fração do mercado mundial.
É como procurar uma agulha no palheiro em vez de comprar o palheiro, como diria John Bogle.
Participação dos países no mercado global de ações.
Segundo dados recentes do Financial Times, o Brasil compõe aproximadamente 1% do mercado de ações global.
Esse percentual é bastante modesto quando comparado a mercados mais robustos, como o dos Estados Unidos, que domina cerca de 60% do mercado global de ações, seguidos por China (10%) e Japão (8%).
Para se ter uma ideia da dimensão, apenas o valor de mercado da Nvidia, de US$ 3,11 trilhões, é maior do que toda a bolsa de valores brasileira (US$ 1,04 trilhões).
Pessoas que investem todo o seu patrimônio apenas no Brasil exemplificam bem o conceito de WYSIATI.
Elas tendem a fazer isso por:
1. Familiaridade: estão mais familiarizadas com o mercado brasileiro, as empresas e os produtos financeiros locais. É comum ouvirmos falar das ações da Vale, da Petrobras, do Itaú, do BTG Pactual, da Gerdau e da Magalu, mas é raro ouvirmos nomes como QQQ e VTI, que são fundos que replicam o comportamento de índices internacionais.
2. Acesso à informação: as informações sobre o mercado brasileiro estão mais facilmente disponíveis.
3. Viés de confirmação: podem buscar e valorizar mais as informações que confirmam suas crenças de que investir no Brasil é a melhor opção.
Isso se aplica tanto ao Brasil quanto a um indiano que investe apenas na Índia, a um chinês que só investe na China ou a um britânico que tem todo seu capital investido em ações da bolsa de valores de Londres.
Não importa.
Todos sofrem do viés doméstico.
Ok, mas, e quanto a boa notícia?
A boa notícia é que, atualmente, é muito fácil e acessível a qualquer um globalizar seu patrimônio e investir nos principais mercados do mundo, ampliando horizontes e entendendo que “o que você vê NÃO é tudo o que existe”.
Para mitigar o efeito de WYSIATI, é importante considerar, portanto, a diversificação global, que envolve:
1. Educação e informação: buscar informações sobre mercados internacionais e entender como eles funcionam.
2. Assessoria profissional: contar com a ajuda de assessores de investimentos que tenham uma visão global.
3. Diversificação de ativos: investir em uma variedade de classes de ativos e mercados geográficos para espalhar o risco.
Uma comparação entre Brasil e EUA
Para deixar clara a importância de diversificar seus investimentos, trouxe aqui uma forma simples e direta de enxergar visualmente essa diferença, por meio de gráficos.
Comparei, em diferentes períodos (1 ano, 5 e 10 anos), o desempenho das bolsas de valores brasileira e norte-americana por meio de ETFs (Exchanged Traded Funds).
Aqui, uma breve explicação.
ETFs são fundos de investimento negociados na bolsa de valores, assim como as ações.
Eles funcionam como uma cesta de ativos, permitindo que investidores comprem e vendam uma coleção diversificada de ativos com uma única transação.
Em geral, os ETFs replicam o comportamento de um índice.
No Brasil, o ETF mais famoso, que segue o comportamento do Ibovespa — principal índice da nossa bolsa de valores - é o BOVA11.
Para representar o índice S&P 500, composto pelas 500 maiores empresas dos Estados Unidos listadas nas bolsas de lá, utilizaremos o ETF IVVB11.
Em resumo, então:
BOVA11 representa a bolsa de valores brasileira e, IVVB11, a norte-americana.
Combinado?
Ah, mais uma informação importante:
A rentabilidade será apresentada tanto em Real Brasileiro quanto em Dólar dos Estados Unidos.
Tá, mas qual é a diferença?
A diferença é que o resultado em Real representa a variação do ETF somada à variação cambial, isto é, o quanto o BOVA11 e o IVVB11 subiram (ou caíram), mais a valorização (ou desvalorização) do Dólar frente ao Real.
Aliás, essa é mais uma das belezas dos investimentos internacionais.
Talvez você não saiba, mas o Real, desde a sua criação, em 1994, já desvalorizou 87% frente ao Dólar.
Como os investimentos são cotados em Dólar, você acaba ganhando duas vezes: uma com o lucro das empresas no exterior e outra com a valorização do Dólar frente ao Real.
Já o resultado em Dólar considera somente o efeito da rentabilidade dos dois ETFs (BOVA11 e IVVB11), retirando o efeito da variação cambial.
Bom, vamos lá!
Para você ter noção, nos últimos 10 anos, a bolsa norte-americana (IVVB11), representada pela linha verde e vermelha no gráfico abaixo, entregou um retorno de +651,42% (em Reais) ao investidor, enquanto a bolsa brasileira (BOVA11), representada pela linha laranja, rendeu míseros +128,15%.
Rentabilidade, em Reais, dos ETFs IVVB11 e BOVA11 nos últimos 10 anos.
Isto significa que, se você tivesse investido R$ 500 mil na bolsa brasileira (BOVA11) há 10 anos, teria hoje R$ 1.140.750,00.
Por outro lado, se tivesse investido os mesmos R$ 500 mil na bolsa americana (IVVB11) em junho de 2014, teria atualmente R$ 3.757.100,00, uma diferença de 229,35%.
Seriam R$ 2.616.350,00 a mais investindo no EUA.
Mesmo se retirarmos o efeito da variação cambial, ou seja, se analisarmos o resultado em Dólar (e não em Reais), a diferença continua grande a favor do investimento em bolsa dos Estados Unidos.
Veja no gráfico abaixo, em que a linha laranja mostra a bolsa brasileira e a linha verde/vermelha representa o comportamento da bolsa norte-americana.
Rentabilidade, em Dólar, dos ETFs IVVB11 e BOVA11 nos últimos 10 anos.
Nos últimos 10 anos, o IVVB11 rendeu, em Dólar, +207,49%, contra -7,69% do BOVA11.
É isso mesmo que você leu.
Em Dólar, a bolsa brasileira entregou resultado negativo nos últimos 10 anos.
Ou seja, se você tivesse feito um único aporte no BOVA11 em 2014, o valor para resgate hoje seria menor do que o aplicado.
Agora, trazendo para um período mais curto e atual, que tal vermos o comportamento das duas bolsas nos últimos 12 meses?
Os gráficos abaixo seguem o mesmo racional: bolsa brasileira (BOVA11) em laranja e bolsa norte-americana (IVVB11) com a linha em verde/vermelho.
Em Reais, o BOVA11 rendeu +1,51% no último ano.
Já o IVVB11 entregou +42,48% no mesmo período, uma diferença de 2.713,25%.
Rentabilidade, em Reais, dos ETFs IVVB11 e BOVA11 nos últimos 12 meses.
Se você tivesse aplicado R$ 500 mil no BOVA11 há um ano, teria hoje R$ 507.550,00.
No IVVB11, o mesmo valor aplicado valeria R$ 712.400,00 atualmente.
O gráfico a seguir mostra as rentabilidades dos ETFs sem o efeito da variação cambial.
Nele, é possível observar que, em Dólar, o IVVB11 rendeu +25,18% nos últimos 12 meses, enquanto o BOVA11 caiu 10,82%, uma diferença de "apenas" 332,72%.
Rentabilidade, em Dólar, dos ETFs IVVB11 e BOVA11 nos últimos 12 meses.
Se fizermos essa análise para um período de 5 anos ou de 15 anos, a relação será a mesma:
Bolsa norte-americana rendendo muito mais do que a bolsa brasileira.
Como investir globalmente?
Agora que você já se convenceu — ou pelo menos conheceu — os riscos e a importância de não ficar preso apenas ao mercado de investimentos brasileiro, vem a pergunta:
Como faço para dolarizar meu patrimônio?
Olha, nunca foi tão fácil ter uma carteira global em dólar.
Antigamente, você precisava ser investidor qualificado (ter pelo menos R$ 1 milhão investidos) e tinha que ir até os EUA abrir uma conta em um banco de lá.
Hoje, você tem acesso às melhores empresas do mundo sem precisar sair de casa, investindo a partir de 100 dólares.
O BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, do qual sou preposto, oferece uma plataforma completa para você investir diretamente nos Estados Unidos.
Com a conta internacional do BTG, você acessa o maior mercado financeiro do mundo em poucos cliques.
Vale reforçar alguns motivos para que você comece a investir no mercado norte-americano:
- Risco de moeda: desvalorização histórica do Real em relação ao Dólar de 87%. Além disso, desde que o Dólar foi criado, o Brasil já teve 10 moedas. Por isso, para blindar seu patrimônio e fazê-lo prosperar, nada melhor do que investir na moeda mais consistente do mundo.
- Risco de mercado: se até o Banco Central do Brasil possui reservas em Dólar para se proteger da volatilidade do mercado, por que você, investidor, não teria?
- Robustez e diversificação: estamos falando do maior mercado de investimentos do mundo, os Estados Unidos. Através do app do BTG Pactual, você consegue investir nas maiores e melhores empresas do planeta.
- Consultoria internacional: você poderá contar com uma consultoria personalizada. Eu serei seu assessor de investimentos aqui no Brasil e te darei acesso a um consultor de investimentos internacionais do BTG Pactual habilitado nos Estados Unidos para te auxiliar na alocação do portfólio, de acordo com o seu perfil de investidor(a).
E, como se já não bastasse, a conta internacional também é conta corrente nos EUA.
Com ela, você pode realizar câmbio instantâneo, pagamentos e transferências, além de ter um cartão de débito em dólar, físico e/ou virtual.
Para concluir…
Bem, espero que tenha ficado claro que, ao adotar uma abordagem mais global, você pode se proteger melhor contra a volatilidade do mercado e aumentar as chances de obter retornos maiores, mais consistentes e equilibrados ao longo do tempo.
Se quiser minha ajuda para começar a investir no maior mercado financeiro do mundo ou trazer seus investimentos internacionais para a minha assessoria no BTG Pactual, basta responder a esse e-mail ou me chamar no direct do Instagram, no @ogustavopedroso.
Se quiser se aprofundar na busca pelo autoconhecimento e por crescimento pessoal, recomendo a newsletter 1% Melhor a Cada Dia, do meu xará, Gustavo Luiz!
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