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Era sexta-feira, cedo pela manhã, em Foz do Iguaçu.

Poucas vezes na vida tive o privilégio de correr num cenário tão bonito, tão diferente, tão silenciosamente acolhedor.

O Hotel Bourbon Cataratas, cercado pela exuberância da natureza paranaense, fazia com que a atividade programada pelo evento em que eu participava com a Cordier parecesse menos com um exercício físico e mais com um passeio contemplativo pela vida.

Confesso que minha relação com exercícios físicos sempre foi meio turbulenta, marcada por altos e baixos, por uma motivação passageira seguida por períodos de sedentarismo.

E aquela manhã não era diferente.

Mesmo motivado pela companhia do Pablo Piñuelo, CEO da Cordier, eu sentia o peso nas pernas, o fôlego encurtado, o coração acelerado, insistindo para que eu diminuísse o ritmo.

Foi quando, percebendo minha dificuldade, Pablo decidiu compartilhar comigo uma história que mudaria minha percepção sobre aquela corrida.

Ele começou:

— Gus, você conhece a história do corredor feliz?

Eu balancei a cabeça dizendo que não, e enquanto buscava ar para acompanhar a conversa, Pablo continuou:

— O Fabio Sola (meu sócio lá da unidade de Sorocaba) me contou essa história recentemente. Ela diz que, em qualquer corrida, existe um momento crucial em que tudo fica difícil demais. É aquela hora em que as pernas pesam, o corpo implora para desistir, e a mente começa a concordar. Nesse momento, é fundamental lembrar-se de quem está esperando por você na linha de chegada. Sua esposa, seu marido, seus filhos, seus amigos, alguém que você ama muito. Lembrar-se dessa pessoa, que espera seu sucesso, sua chegada e seu sorriso, é capaz de te dar forças inesperadas, é capaz de te fazer concluir a prova. Essa memória faz toda dor valer a pena. É isso que transforma alguém num corredor feliz.

Meu primeiro impulso foi sorrir discretamente, admitindo comigo mesmo que a ideia parecia ingênua demais, talvez até clichê.

Mas, na sequência, enquanto continuávamos pela trilha cercada de árvores, eu, quase automaticamente, comecei a pensar em quem estaria esperando por mim na minha linha de chegada pessoal.

Imediatamente visualizei minha esposa, minha família, os sonhos que construímos juntos, minha equipe, todos que contam comigo.

E percebi que, por mais simples que fosse a história, sua verdade era profunda e poderosa.

A partir daí, enquanto a corrida avançava, eu me sentia diferente.

O cansaço não desapareceu magicamente, claro que não.

Mas minha percepção sobre ele mudou drasticamente.

Porque agora eu tinha clareza do motivo pelo qual eu estava ali, correndo.

Não era só por obrigação ou porque era uma atividade programada, mas sim porque havia pessoas esperando por mim lá no final daquela prova simbólica.

Desde aquela manhã, refleti muitas vezes sobre essa história e sobre como nós, em geral, esquecemos facilmente essa verdade tão simples.

É curioso pensar como desistências são frequentes na vida das pessoas em tantos aspectos diferentes: desistimos cedo demais dos nossos objetivos pessoais, abandonamos promessas feitas a nós mesmos com uma facilidade assustadora, abandonamos relacionamentos, saúde, carreira, investimentos.

Por que será que isso acontece tanto?

Porque, diferentemente do que muitos acreditam, motivação por si só é algo passageiro e instável.

A motivação é como aquela empolgação inicial em qualquer projeto, aquela emoção forte e poderosa que, infelizmente, se desgasta muito rapidamente.

Propósito é algo bem diferente.

Propósito é o que sobra quando a motivação inicial acaba. 

Propósito é o motivo pelo qual você realmente começou aquela corrida, aquele investimento, aquele relacionamento, aquele projeto pessoal.

Quem conhece seu propósito com clareza consegue suportar o desconforto da jornada.

Em investimentos, isso fica muito evidente.

Quantas vezes observei investidores que começam empolgados e entusiasmados e, ao primeiro período prolongado sem resultados imediatos, simplesmente abandonam tudo.

Esquecem que investir é exatamente como correr uma maratona: o resultado significativo não vem rapidamente, não é óbvio no curto prazo, e quem investe pensando apenas em retorno rápido vai inevitavelmente desistir no caminho.

Quem investe com um propósito claro, seja garantir um futuro seguro para os filhos, conquistar a casa própria, a aposentadoria tranquila ou simplesmente construir liberdade financeira, suporta crises econômicas, juros instáveis e períodos de pouca ou nenhuma rentabilidade imediata.

Quem investe com propósito resiste à dor do curto prazo porque entende claramente quem o espera na linha de chegada financeira.

Naquela corrida em Foz, enquanto corria ofegante, também lembrei do compromisso que assumi comigo mesmo este ano: realizar 200 treinos ao longo de 2025.

Minha linha de chegada pessoal não é só alcançar um número, mas sim reconquistar saúde, melhorar minha autoestima, cuidar melhor da minha esposa, da minha família, da minha empresa, do meu time e de mim mesmo.

Meu compromisso não é simplesmente motivação passageira, é um propósito sólido.

É lembrar claramente quem me espera quando eu completar esses 200 treinos: um Gustavo mais saudável, feliz e realizado, capaz de amar e cuidar melhor das pessoas que mais importam.

Se você me permite uma sugestão prática agora, sugiro que faça uma pequena reflexão hoje mesmo:

• Quem espera por você na sua linha de chegada pessoal, financeira, profissional e emocional?

• Quais são os rostos, os nomes, os sentimentos que vêm à sua mente nesse instante?

Pegue papel e caneta e escreva essas respostas agora.

Deixe em algum lugar bem visível.

Toda vez que você pensar em desistir, volte para essas respostas.

Lembre-se dessas pessoas, lembre-se desse propósito, lembre-se claramente da sua linha de chegada.

Livros como “Comece pelo Porquê”, de Simon Sinek, e “Hábitos Atômicos”, de James Clear, falam brilhantemente sobre como criar clareza de propósito, como transformar motivação passageira em algo profundo e estável.

Recomendo fortemente essas leituras se você quiser aprofundar sua jornada em direção à clareza, disciplina e resiliência.

No fundo, o corredor feliz não é aquele que corre sem sentir dor, sem sofrer com o cansaço ou sem ter vontade de desistir.

O corredor feliz é aquele que sente tudo isso, mas mesmo assim não para.

Porque ele sabe exatamente quem o aguarda com amor, com orgulho, com satisfação profunda na chegada.

Terminei aquela corrida em Foz com muitas coisas na cabeça, mas especialmente grato ao Pablo por aquela metáfora preciosa que guardarei para sempre.

E hoje eu passo essa mesma metáfora adiante, diretamente para você.

Quem espera você na sua linha de chegada? 

Tenha sempre isso claro, e você nunca mais abandonará nenhuma corrida importante da sua vida.

E quem sabe assim, ao fim das suas provas, você também se torne um corredor feliz.

Te vejo na linha de chegada.

Uma ótima semana.

Até a próxima,

Gus

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