O farol mais famoso de todos os tempos

Vida & Lucros | Edição #011

A dois quilômetros da ilha de Ouessant, na Finisterra da Bretanha, noroeste da França, localiza-se o Farol de Kéréon, uma das lanternas de mar mais incríveis da costa francesa, tombado como monumento histórico em 2015.

O Farol de Kéréon (La Jument) visto da ilha de Ouessant.

Também conhecido como La Jument, o Farol de Kéréon foi construído sobre uma rocha chamada Men Tensel, a 300 metros da costa da ilha de Ushant.

Localização do Farol de Kéréon (La Jument) e da ilha de Ouessant, na Bretanha, França.
Fonte: Google Maps

A construção do Farol de Kéréon

Jules Le Baudry era sobrinha-neta de Charles-Marie Le Dall de Kéréon.

Kéréon foi um oficial da Marinha Real Francesa, guilhotinado em 1794, aos 19 anos, durante a Revolução Francesa.

Um século depois da morte de seu tio-avô, Le Baudry decidiu doar 585 mil francos ao Ministério das Obras Públicas para a construção de um farol entre Molène e Ouessant, com o objetivo de sinalizar obstáculos perigosos que já tinham sido responsáveis por mais de trinta naufrágios entre 1888 e 1904.

Localização do Farol de Kéréon, entre Molène e Ouessant.

A única exigência que Jules Le Baudry fez foi a de que o monumento levasse o nome de seu falecido tio-avô.

Daí o nome de Farol de Kéréon.

O farol foi construído de 1904 a 1911, e custou 941 mil francos.

A construção do Farol de Kéréon levou 8 anos, devido às condições adversas do local.

Aquela região da costa francesa é conhecida por ter os mares mais perigosos da Europa, de violentas tempestades, ondas enormes e fortes correntes marítimas.

Durante os quase dez anos em que levou para ser finalizada, a obra foi executada em condições extremamente adversas.

Construção do Farol de Kéréon (La Jument).

O Farol de Kéréon tem 48 metros de altura e foi construído como uma residência de luxo, e foi até apelidado de Palácio do Submundo por conta de seu acabamento.

Divisão dos 7 níveis do Farol de Kéréon (La Jument).
Fonte: Ensta Bretagne

O piso da sala é decorado com rosa-dos-ventos marchetada em ébano e mogno, além de painéis de carvalho húngaro no hall, cozinha e dois quartos.

Na “Sala de Honra”, localizada no nível 5, as paredes são também revestidas com o mesmo material e tem a estrela dos faróis em relevo.

Imagem da Sala de Honra do Farol de Kéréon (La Jument).

Você pode conhecer toda a estrutura do Farol de Kéréon por dentro, clicando aqui no vídeo abaixo:

A foto de farol mais famosa do mundo

Era 21 de dezembro de 1989.

Jean Guichard, um fotógrafo francês especializado em capturar imagens de faróis, sobrevoava o Farol de Kéréon (La Jument) de helicóptero em um dia de tempestade intensa, em busca da foto perfeita das enormes ondas do Oceano Atlântico golpeando a estrutura do farol.

Dentro do farol estava Theophile Malgorn, um faroleiro de 33 anos.

Theophile ouvia repetidamente o som de um helicóptero passando e pensou que algo anormal poderia estar acontecendo.

O primeiro pensamento que lhe ocorreu foi que o piloto do helicóptero estivesse tentando alertá-lo sobre alguma emergência, que poderia ser um naufrágio ou um acidente, por exemplo.

Foi então que, impulsivamente, ele abriu a porta para ver o que estava acontecendo.

A foto de farol mais famosa de todos os tempos.

Guichard avistou o homem na porta e, com seu instinto de fotógrafo, começou a tirar fotos rapidamente, no instante em que uma onda gigante começava a envolver o farol com toneladas de água.

Ao mesmo tempo, o faroleiro, ao ouvir um barulho estrondoso e avassalador como um trovão vindo da frente do farol, percebeu que havia cometido um grande erro e que estava em apuros.

Era o som do impacto da onda contra o farol.

Imediatamente, ele fechou a porta, milésimos de segundos antes de a onda o atingir.

Por um milagre, Theophile Malgorn sobreviveu.

Ao todo, Jean Guichard conseguiu tirar nove fotos, suficientes para torná-lo mundialmente famoso.

Aquela cena representava perfeitamente o homem em contraste com a força da natureza.

A foto do La Jument rendeu a Guichard o segundo lugar no World Press Photo de 1990, e até hoje é uma das imagens mais vendidas em cartões postais, quadros e porta-retratos.

Uma curiosidade:

Naquele ano, Guichard perdeu o primeiro lugar para a icônica foto de um manifestante chinês parando sozinho uma coluna de tanques na Praça Tiananmen.

Por onde anda o faroleiro Theophile Malgorn?

As últimas informações que encontrei dizem que o faroleiro continua vivo e ainda trabalhando no mesmo ofício, como controlador do farol de Creac´h, também na ilha de Ouessant.

Conta-se que Malgorn ficou "p#@o da vida" por conta do incidente, ao descobrir que quase perdeu a vida por conta de uma atividade comercial.

Pouco tempo depois, Jean Guichard, o fotógrafo, o visitou em sua casa e lhe presenteou com uma foto autografada daquele momento.

A partir dali, viraram bons amigos.

O escritor e o faroleiro

Chegamos à edição #011 da Vida & Lucros e eu já estou me achando "o escritor".

Brincadeiras à parte, estou realmente muito feliz com essa oportunidade de abrir as portas da minha casa e poder escrever para você.

Mesmo nesse pouco tempo de newsletter, frequentemente me pego refletindo sobre as belezas e as mazelas do ofício de escrever.

Fazendo uma analogia, a vida de um escritor pode ser comparada à de um faroleiro dos tempos antigos, em muitos aspectos.

Assim como o faroleiro, o escritor frequentemente leva uma vida solitária, mergulhado em seus pensamentos e trabalhos.

Ambos são, em geral, figuras introspectivas, de poucas palavras, que passam longos períodos isolados, dedicando-se a suas missões singulares.

O faroleiro, em sua solitária vigília, tinha a importante incumbência de acender as luzes do farol todas as noites e apagá-la ao amanhecer, garantindo que estivessem sempre funcionando corretamente.

Essas luzes eram um guia crucial para os navegantes anônimos, salvando vidas e evitando desastres.

Ele também fazia o monitoramento do clima, fornecia informações valiosas para a navegação, se certificava de que o farol e seus arredores estivessem seguros, estava sempre preparado para se comunicar com navios em perigo e prestava socorro inicial aos sobreviventes de naufrágios, fornecendo abrigo, comida e comunicação com as autoridades de resgate.

No entanto, os marinheiros raramente - ou nunca - conheciam o faroleiro, tampouco tinham a chance de agradecê-lo.

A solidão do faroleiro era marcada por um serviço silencioso e essencial, que muitas vezes passava despercebido por aqueles que se beneficiavam de sua dedicação.

De maneira semelhante, o escritor trabalha muitas vezes no silêncio de seu escritório, criando histórias, pensamentos e reflexões que iluminam a mente e a vida de seus leitores.

Seus textos podem oferecer consolo, inspiração e entretenimento, guiando pessoas através de momentos difíceis ou simplesmente proporcionando uma fuga para outras realidades.

No entanto, assim como os navegantes desconhecem o faroleiro, os leitores frequentemente não conhecem o escritor pessoalmente e raramente têm a chance de expressar sua gratidão de forma direta.

Essa solidão compartilhada permite que tanto o escritor quanto o faroleiro desenvolvam uma profunda compreensão de si mesmos e do mundo ao seu redor.

O "isolamento" os concede tempo para refletir sobre a vida, estudar e aperfeiçoar outras habilidades.

O faroleiro podia dedicar-se à leitura, à escrita, à observação das estrelas, enquanto o escritor pode se perder em pesquisas, na construção de mundos fictícios ou na exploração de novos estilos e técnicas literárias.

Ambos vivem na fronteira entre a solidão e a conexão, entre o silêncio e a comunicação, uma vida que poucos são capazes de suportar.

O faroleiro acendia luzes que protegiam vidas no mar.

O escritor acende luzes que iluminam as mentes e corações de seus leitores.

Em suas solitárias jornadas, ambos encontram um propósito maior, sabendo que, mesmo sem reconhecimento direto, suas ações têm um impacto profundo e duradouro na vida de outros.

Eu me sinto um faroleiro da escrita.

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Até a edição #012,

Gus

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