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O lado sombrio do crescimento acelerado
Vida & Lucros | Edição #075
Houve um tempo em que o mercado vivia em êxtase com a palavra “growth”.
O mantra era crescer a qualquer custo.
Escalar o mais rápido possível.
Queimar caixa pra tomar mercado.
Quem levantava a maior rodada virava manchete.
Quem contratava mais rápido parecia invencível.
O SoftBank virou símbolo dessa era: cheques bilionários, valuations estratosféricos, empresas que dobravam de tamanho a cada trimestre.
Era a estratégia de crescer o mais rápido possível, mesmo sacrificando eficiência e lucratividade, pra dominar o mercado antes que alguém chegasse.
Mas logo depois veio a ressaca.
As mesmas empresas que eram celebradas por dobrar o tamanho do time a cada trimestre começaram a cortar milhares de funcionários em uma tacada só.
Modelos que dependiam de rodadas infinitas de capital externo se mostraram frágeis quando os juros subiram e o dinheiro ficou mais caro.
As capas de revista mudaram de tom: de “a próxima grande promessa” para “a história de um colapso anunciado”.
Fui buscar alguns exemplos pra ver como esse padrão se repetiu nos últimos anos.
O caso mais emblemático é o da WeWork.
Em 2019, a empresa era avaliada em 47 bilhões de dólares, um dos símbolos do “crescimento a qualquer custo”.
Bastou a maré virar pra bolha estourar.
A empresa queimava bilhões por ano, não tinha modelo sustentável e precisou encolher brutalmente pra sobreviver.
Em 2023, pediu recuperação judicial.
Outro exemplo é o da Meta (Facebook).
Entre 2020 e 2022, a empresa dobrou o número de funcionários, surfando a onda do digital.
Em 2023, veio o ajuste: 21 mil demissões em poucos meses.
Mark Zuckerberg chamou aquele ano de “ano da eficiência” e admitiu que crescer rápido demais tinha comprometido a produtividade.
Por outro lado, empresas que escolheram um crescimento mais disciplinado hoje estão em posição mais confortável.
A TOTVS, por exemplo, construiu um império de tecnologia no Brasil ao longo de décadas, crescendo de forma consistente, mantendo margens e reinvestindo o lucro em inovação e aquisições estratégicas.
O Itaú é outro bom exemplo.
Historicamente conhecido pela prudência e eficiência, cresceu com foco em rentabilidade, mantendo um dos maiores retornos sobre patrimônio do setor bancário.
Esses casos mostram que o mercado mudou — e rápido.
Hoje, investidores e líderes valorizam empresas que crescem com eficiência, usando o próprio caixa, cuidando da margem.
Crescimento deixou de ser apenas “top line” e passou a ser crescimento saudável.
Crescer continua importante, mas o jogo mudou.
Agora importa como você cresce.
Contratar mais gente deixou de ser vitória se cada contratação significar queda de produtividade.
Dobrar o faturamento perdeu o brilho se, junto, vier o dobro de despesa e nenhuma melhora na margem.
Escalar só faz sentido se a estrutura aguentar sem rachar, e empresas que entenderam essa virada saíram na frente.
Ao invés de perseguir crescimento cego, começaram a buscar crescimento saudável.
Mais receita, sim, mas com rentabilidade; mais clientes, mas com custos de aquisição sob controle; mais operações, mas sem abrir mão da cultura que as fez chegar até ali.
É sedutor mostrar números gigantes em um pitch ou no relatório pro board.
Mas é muito mais difícil explicar que você optou por crescer menos esse trimestre pra não comprometer o ano que vem.
É a diferença entre fazer bonito pro mercado e construir um negócio que aguenta o tempo.
O glamour do “crescimento a qualquer custo” sempre volta de tempos em tempos.
Mas a conta também sempre chega.
E quem sobrevive pra contar a história é quem cresceu de forma que pudesse continuar crescendo, não quem cresceu mais rápido.
Perecebe a diferença aí?
No fim, a pergunta deixou de ser “quanto você cresceu?” pra se tornar “quanto desse crescimento ficou de pé?”.
É essa resposta que, no longo prazo, separa as empresas que apenas aparecem (e talvez desaparecem) das empresas que permanecem.
Até a próxima,
Gus
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