O primeiro bilionário do mundo moderno

Vida & Lucros | Edição #016

Eu sou aficionado por biografias!

Me fascina poder aprender como pessoas saíram do nada e construíram histórias incríveis de sucesso e superação.

Conseguir extrair lições das vitórias e derrotas, erros e acertos de gente que foi referência em seu tempo, e através dos tempos, é simplesmente transformador.

Portanto, se quiser me presentar, já sabe: me dê uma biografia e me ganhará!

Na intenção de despertar esse desejo e essa curiosidade em você também, decidi compartilhar nessa edição um pouco da história e dos ensinamentos de um dos homens mais ricos da história da humanidade.

Ele era tão rico que faria Elon Musk, com seus US$ 200 bilhões de dólares, comer poeira.

Imagina quem seja?

Não?!

Então vem comigo conhecer a história e algumas verdades inconvenientes do magnata do petróleo!

Os Estados Unidos em "1800 e bolinha" 🗽

 

O século XIX foi uma época de mudanças rápidas e profundas nos Estados Unidos.

O país estava passando de uma sociedade agrária para uma potência industrial, num período conhecido como a Segunda Revolução Industrial.

Essa era foi marcada por inovações tecnológicas e expansões econômicas, que mudaram a face do país.

No coração dessas mudanças estava a indústria do petróleo, que se tornaria a espinha dorsal do crescimento industrial e econômico.

Como tudo começou

O homem de nossa história é John Davison Rockefeller.

Segundo de seis filhos, Rockefeller nasceu em 8 de julho de 1839, em Richford, Nova York, em uma família modesta.

Seu pai, William Avery Rockefeller, era um vendedor itinerante e conhecido por suas práticas comerciais questionáveis, o que trazia instabilidade à família.

William Avery Rockefeller

Em português claro, ele era um verdadeiro enganador!

Tanto que entre suas canalhices estava a venda de remédios sem eficácia ou comprovação científica para pessoas muito doentes e desesperadas, como as acometidas pelo câncer.

O cara era tão pilantra que era conhecido como "Devil Bill", ou "Diabólico Bill".

Já a mãe de John, Eliza Davison Rockefeller, era o extremo oposto de William.

Eliza Davison Rockefeller

Devotada e rigorosa, reiterava sempre ao filho valores de trabalho árduo e economia desde cedo.

A família se mudou várias vezes durante a infância de John, o que significava que ele frequentou várias escolas e teve que se adaptar constantemente a novos ambientes.

Precisando trabalhar para ajudar a família com o sustento da casa, Rockfeller largou a escola dois meses antes de se formar.

Depois de ser rejeitado em dezenas de entrevistas de emprego por ser muito jovem, finalmente, aos 16 anos, em 1855, conseguiu seu primeiro emprego como assistente de contabilidade na Hewitt & Tuttle, uma pequena firma de comissões e contabilidade.

John D. Rockfeller, aos 21 anos

Ele se destacou por seu esforço e dedicação, sua ética de trabalho, meticulosidade e habilidade com números.

Foi nesse emprego que John começou a desenvolver suas habilidades financeiras e seu olho para detalhes, habilidades que seriam cruciais para seu futuro sucesso.

Foi lá também que ele conheceu Maurice Clark, um homem de 28 anos (10 anos mais velho que John) que o convidou para ser seu sócio e abrirem sua própria empresa de comercialização de produtos agropecuários, a Clark & Rockfeller.

A entrada no mundo do petróleo

Inicialmente, Rockfeller e Clark começaram no comércio de alimentos durante a Guerra Civil Americana, fazendo um bom dinheiro e acumulando capital suficiente para explorar novos empreendimentos.

Em 1859, a primeira grande descoberta de petróleo nos Estados Unidos ocorreu em Titusville, Pensilvânia, marcando o início da indústria moderna do petróleo.

Em 1863, aos 24 anos, John conheceu Samuel Andrews, um químico de 27 anos nascido na Inglaterra, que buscava investidores para construir sua própria refinaria.

Andrews tinha conhecimento de uma nova forma de refinar querosene de petróleo bruto, o que brilhou os olhos de Clark e Rockfeller.

Eles decidiram, então, investir US$ 4 mil em Samuel e construir sua primeira refinaria de petróleo em Cleveland, Ohio.

A refinaria rapidamente se tornou lucrativa, mas a volatilidade dos preços do petróleo era abrupta demais para o gosto de Maurice Clark, que decidiu sair do negócio.

Por sua vez, John D. Rockfeller, sempre atento às oportunidades, percebeu o potencial dessa nova indústria e, em 1865, comprou a participação de Clark por US$ 72.500, assumindo o controle total do negócio.

Ele renomeou a empresa para Rockefeller & Andrews, dando início à sua jornada no setor de petróleo.

Sede da Rockfeller & Andrews, em Cleveland

A fundação da maior petrolífera do planeta 🛢️

Em 1866, John percebeu que 70% do petróleo refinado estava sendo enviado para mercados em outros estados e países.

Ele decidiu então montar um escritório em Nova York para eliminar os intermediários, prática que adotaria e usaria muito dali em diante, com o intuito de cortar despesas e aumentar os lucros.

Um ano depois, Henry Flagler o homem que deu o nome da cidade de Miami, na Flórida juntou-se ao grupo e a empresa passou a se chamar Rockefeller, Andrews & Flagler.

Até que, em 10 de janeiro de 1870, ela foi finalmente renomeada como Standard Oil Company, com John D. Rockefeller como seu presidente.

A fundação da Standard Oil foi um ponto de virada significativo na carreira de Rockefeller.

Ao longo do tempo, ele consolidou várias refinarias sob a Standard Oil, o que a colocou na posição de maior refinaria de petróleo do mundo de seu tempo.

A refinaria da Standard Oil, em Ohio

Essa consolidação permitiu que a empresa implementasse práticas empresariais inovadoras e alcançasse uma eficiência sem precedentes.

Rockefeller introduziu o conceito de integração vertical, controlando todos os aspectos da produção, desde a extração do petróleo bruto até o refino, transporte e distribuição.

Sua estratégia de fusões e aquisições permitiu à Standard Oil crescer rapidamente, dominando de vez a indústria do petróleo.

Ele negociava acordos favoráveis com ferrovias para reduzir os custos de transporte e investia pesadamente em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a qualidade dos produtos.

A importância e relevância da Standard Oil

A Standard Oil se tornou uma das maiores e mais influentes corporações do mundo.

No auge de seu poder, a empresa controlava cerca de 90% do refino de petróleo e das vendas nos Estados Unidos.

Isso permitiu a Rockefeller estabelecer preços consistentes e baixos para o petróleo e seus derivados, o que teve um impacto significativo na economia americana e global.

A Standard Oil foi pioneira em várias práticas de negócios que ainda são relevantes hoje.

Ela introduziu a eficiência operacional em larga escala, padronizou a qualidade dos produtos e criou uma rede de distribuição global.

Essas inovações ajudaram a moldar a moderna indústria do petróleo e serviram de modelo para outras grandes corporações.

A fortuna de Rockfeller 💰

John D. Rockefeller acumulou uma fortuna sem precedentes para sua época.

No auge de sua riqueza, estima-se que seu patrimônio líquido era de cerca de 900 milhões de dólares, o que correspondia a quase 2% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos na época.

Para se ter uma ideia, em valores ajustados pela inflação, a riqueza de Rockefeller equivaleria a aproximadamente 400 bilhões de dólares nos dias atuais.

Esse valor o colocaria muito à frente de qualquer bilionário contemporâneo, tornando-o possivelmente a pessoa mais rica da história moderna.

Alguns dizem que John D. Rockfeller só não foi mais rico do que o Rei Salomão!

Nem tudo são flores 🥀

Apesar de seu sucesso, Rockefeller enfrentou muitos desafios.

Sua abordagem agressiva para eliminar a concorrência e monopolizar a indústria atraiu críticas e hostilidade.

A imprensa e o público muitas vezes o viam como um "barão ladrão", alguém que explorava os recursos naturais e os consumidores para seu próprio benefício.

Em 1911, após anos de processos judiciais, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou a Standard Oil um monopólio ilegal e ordenou sua dissolução em 34 empresas independentes.

Empresas originadas da dissolução da Standard Oil, em 1911

Esta decisão marcou um dos primeiros grandes usos das leis antitruste (defesa da concorrência) nos Estados Unidos.

Rockefeller, no entanto, já havia começado a se afastar dos negócios, focando mais na filantropia.

Ele aceitou a decisão da Suprema Corte com serenidade, sabendo que sua influência e riqueza já estavam solidificadas.

Curiosamente, a divisão da Standard Oil acabou por tornar Rockefeller ainda mais rico, já que ele manteve ações em todas as empresas resultantes, muitas das quais se tornaram gigantes independentes, como ExxonMobil e Chevron.

O dark side de Rockfeller

A vida de John D. Rockefeller, como a de muitos magnatas de sua época, teve seu lado controverso e aspectos sombrios.

Um dos aspectos mais sombrios da carreira de Rockefeller foi sua relação controversa com a concorrência e o mercado.

A Standard Oil era conhecida por suas táticas de negócios agressivas, que incluíam a espionagem industrial e a manipulação de preços.

Rockefeller frequentemente comprava concorrentes apenas para fechá-los, consolidando ainda mais seu monopólio.

Outra história macabra envolve o que ficou conhecido como o "Massacre de Ludlow", em 1914, um confronto violento entre mineiros em greve e a guarda nacional do Colorado, que resultou na morte de 200 pessoas e manchou para sempre a imagem e a reputação do magnata do petróleo.

O Massacre de Ludlow, no Colorado

Embora Rockefeller não estivesse diretamente envolvido, ele era o maior acionista da Colorado Fuel & Iron Company, onde ocorreu o massacre.

A resposta violenta da empresa à greve dos trabalhadores trouxe à tona questões sobre as condições de trabalho e a responsabilidade dos empresários para com seus funcionários.

Mais adiante, esse episódio serviu também como base para a criação de leis que implementaram o modelo de trabalho de 8 horas diárias nos Estados Unidos.

Apesar dessas controvérsias, Rockefeller sempre manteve que suas ações eram necessárias para criar uma empresa eficiente e bem-sucedida.

Ele acreditava firmemente que seu trabalho ajudava a reduzir custos e, eventualmente, beneficiava os consumidores através de preços mais baixos.

Legado e impacto de Rockfeller

Além de seu impacto na indústria do petróleo, Rockefeller foi um filantropo notável.

Ele doou grande parte de sua fortuna para causas educacionais, médicas e científicas.

Fundou a Universidade de Chicago, o Instituto Rockefeller para Pesquisa Médica (agora Universidade Rockefeller) e a Fundação Rockefeller.

A Universidade de Chicago, fundada em 1890 com uma doação significativa de Rockefeller, se tornou uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do mundo.

O Instituto Rockefeller, criado em 1901, foi pioneiro em muitas áreas de pesquisa médica e continua a ser uma instituição líder no campo das ciências biomédicas.

Instituto Rockfeller

A Fundação Rockefeller, estabelecida em 1913, foi uma das primeiras fundações modernas e teve um impacto profundo em diversas áreas, desde a saúde pública até as artes e as ciências sociais.

Fundação Rockfeller

Entre suas realizações notáveis, a fundação ajudou a desenvolver a vacina contra a febre amarela e apoiou a Revolução Verde, que transformou a agricultura em muitos países em desenvolvimento.

O legado de Rockefeller é complexo.

Ele é frequentemente lembrado tanto como um magnata implacável quanto como um benfeitor generoso.

Os bons conselhos que ficaram

A John D. Rockfeller são atribuídas várias frases famosas, que me ensinaram boas lições sobre negócios, empreendedorismo e liderança.

John D. Rockfeller

A seguir, separei cinco das minhas preferidas, acompanhadas de comentários de como vejo que elas podem se encaixar em nosso contexto atual.

"Não tenha medo de desistir do bom para ir atrás do ótimo."

Muitas vezes, nos contentamos com o que é confortável e seguro, mas para alcançar a verdadeira excelência, é necessário correr riscos e buscar oportunidades maiores. Isso pode significar deixar uma situação de estabilidade para ter mais ambição e perseguir algo grandioso.

"A boa gestão consiste em mostrar aos funcionários comuns como fazer o trabalho dos superiores."

O verdadeiro líder capacita sua equipe e ensina habilidades que permitem a todos crescerem e se desenvolverem. Isso cria um ambiente de trabalho dinâmico e produtivo, buscando extrair o potencial máximo de cada um.

"O segredo do sucesso é fazer o comum extraordinariamente bem."

A excelência nas tarefas diárias e a atenção aos detalhes são cruciais. A consistência em entregar um trabalho de alta qualidade em tarefas aparentemente comuns pode levar a grandes conquistas e reconhecimento.

"A amizade baseada em negócios é melhor do que um negócio baseado em amizade."

Separe relações pessoais de comerciais para manter a objetividade e o profissionalismo nos negócios. Embora seja bom fazer amigos nos negócios, é crucial que as decisões sejam baseadas em critérios objetivos e profissionais.

"A maneira de ganhar muito dinheiro é comprar quando há sangue nas ruas."

Em tempos de crise, surgem oportunidades únicas. É o famoso ditado: "nas adversidades, tem quem chore e tem quem venda lenços". Investir quando os preços estão baixos, devido ao pânico do mercado, pode levar a grandes retornos quando a situação melhora. Essa abordagem é contrária ao senso comum e, por isso, exige coragem e visão de longo prazo.

Rockfeller em perspectiva

Se fosse possível resumir a história de John D. Rockefeller, eu diria que as principais lições que podemos aprender e levar para nossas vidas, nossos negócios e investimentos, são:

1. Visão de longo prazo: Rockefeller sempre teve uma visão de longo prazo. Ele investia em infraestrutura e tecnologia para garantir o crescimento sustentável dos negócios. No mundo dos investimentos, ter uma perspectiva de longo prazo é a chave para o sucesso.

2. Eficiência operacional: Ele focava intensamente na eficiência e na redução de custos. Em qualquer negócio, encontrar maneiras de operar de forma mais eficiente pode melhorar significativamente a margem de lucro.

3. Inovação e adaptação: John não tinha medo de inovar e adaptar suas estratégias. Prova disso é que ele testou e implementou novas tecnologias e métodos para melhorar a produção e distribuição de petróleo. Ser aberto à inovação é crucial em um ambiente de negócios em constante mudança.

4. Diversificação: A integração vertical da Standard Oil é um exemplo clássico de diversificação dentro de uma indústria. Diversificar os investimentos e operações pode ajudar a mitigar riscos.

5. Filantropia e responsabilidade social: Rockefeller acreditava em devolver à sociedade. Ele doou grande parte de sua fortuna para causas educacionais, médicas e científicas. Hoje, a responsabilidade social corporativa é uma parte fundamental de muitos negócios de sucesso.

6. Resiliência: Rockefeller enfrentou muitas adversidades ao longo de sua carreira, desde a oposição pública até batalhas legais. Sua capacidade de perseverar e adaptar-se às circunstâncias foi crucial para seu sucesso contínuo.

Para concluir...

John D. Rockefeller não foi apenas um dos homens mais ricos de todos os tempos, mas também uma figura central na transformação industrial e econômica dos Estados Unidos.

Sua visão, determinação e habilidades empresariais deixaram um impacto duradouro no mundo dos negócios e na filantropia.

Ao analisarmos sua vida, podemos aprender sobre a importância de persistência, inovação e responsabilidade social.

Mas Rockefeller não estava sozinho na construção do panorama econômico dos Estados Unidos.

Ele era contemporâneo de outros gigantes dos negócios que também moldaram a indústria norte-americana.

Nas próximas edições da Vida & Lucros, quero explorar mais esse universo, contando a vida e a carreira de outros desses titãs.

Pensando alto aqui, acho que a próxima história pode ser a daquele que é considerado o magnata do aço, um homem também filantropo cuja trajetória é tão fascinante e complexa quanto a de Rockefeller.

Ou será que podemos falar primeiro do “barão”, o maior empresário brasileiro de todos os tempos?

Hum... difícil escolher! 🤔

Bem, como diria Didi Mocó: "aguarde e confie"!

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