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O risco que você não corre é o resultado que você não tem

Vida & Lucros | Edição #003

Esta semana, li a frase "o risco que você não corre é o resultado que você não tem".

Imediatamente, vieram à mente episódios da minha vida nos quais tive que assumir riscos — calculados ou não — em busca de resultados.

Algumas vezes, essa abordagem deu muito certo; outras vezes, não tanto. Mas o importante, aprendi com o tempo, é errar rápido e corrigir a rota.

Quando investidores compram ações, cirurgiões realizam operações, engenheiros projetam pontes, empresários abrem novos negócios, astronautas exploram os céus e políticos concorrem a um cargo eletivo, o risco é seu parceiro inevitável.

Peter L. Bernstein

Lado A, Lado B


Assumir riscos pode ser um jogo de ganhos e perdas.

Por um lado, pode levar a grandes conquistas e ao sucesso inesperado; por outro, é capaz de resultar em fracassos e perdas irrecuperáveis.

As histórias de pessoas que arriscaram tudo e alcançaram resultados extraordinários ou fracassos devastadores nos ensinam valiosas lições sobre a importância da coragem e da ousadia em nossas vidas.

Nesta perspectiva, gostaria de compartilhar com você um compilado de histórias que exploram, na justa medida, "a fascinante história do risco", parafraseando Peter L. Bernstein em seu livro Desafio aos Deuses.

Alguns personagens são amplamente conhecidos. Outros, é provável que você os veja pela primeira vez.

Vamos nessa?!

Sempre que você vê um negócio de sucesso, alguém tomou uma decisão corajosa.

Peter Drucker

Steve Jobs

Uma das histórias de sucesso mais famosas da nossa geração é a de Steve Jobs, cofundador da Apple.

Jobs foi demitido da própria empresa que ajudou a criar, mas não deixou que isso o paralisasse.

Ele assumiu o risco de iniciar novas empresas – NeXT e Pixar – que não apenas foram bem-sucedidas, mas também revolucionaram suas respectivas indústrias.

Quando retornou à Apple, Steve a transformou em uma das empresas mais valiosas do mundo, introduzindo produtos icônicos como o iPhone e o iPad.

J.K. Rowling

Outro exemplo inspirador é o de J.K. Rowling, autora da série Harry Potter.

Rowling enfrentou rejeições consecutivas de editoras, mas persistiu na busca pelo sonho de publicar seu livro.

Vivendo de benefícios sociais, ela não desistiu de sua paixão pela escrita, mesmo diante de um amanhã imprevisível e desafiador.

Quando finalmente conseguiu um editor que acreditasse em sua história, J.K. Rowling viu Harry Potter se transformar em uma das séries de livros mais vendidas de todos os tempos, mudando sua vida e a literatura infantil para sempre.

Elon Musk

Elon Musk é considerado por muitos um "desmiolado". Por outros, um gênio incompreendido. Suas atitudes vão contra todo o senso de autopreservação que o ser humano possui.

Depois de já ter feito muito dinheiro com a venda do PayPal, Musk sossegou, colocou seu burro na sombra e foi curtir a vida, certo?

Errado!

O cara investiu praticamente todo o seu capital em duas novas empresas: SpaceX, de exploração espacial, e Tesla, de carros elétricos.

Na época, muitos consideraram suas apostas imprudentes, pois ambas as indústrias eram incertas e arriscadas.

Colocando seu patrimônio em risco, ele não só teve sucesso com a SpaceX e a Tesla, como também revolucionou suas respectivas áreas, se tornando um dos homens mais ricos do planeta.

Quando “pessoas comuns” se arriscam

Histórias de figuras públicas são conhecidas por riscos calculados e sucessos subsequentes.

No entanto, há também relatos de "pessoas comuns", menos conhecidas fora de seus países, que viram suas vidas transformadas ao assumir riscos.

Vamos a algumas delas.

Sara Blakely

Uma dessas pessoas é Sarah Blakely, fundadora da Spanx, uma empresa de lingerie íntima especializada em calças e leggings, com sede em Atlanta, Geórgia.

Blakely investiu suas economias de vida, 5 mil dólares, para desenvolver uma ideia que teve para uma nova peça de vestuário.

Sem qualquer experiência prévia no mundo da moda ou dos negócios, ela enfrentou inúmeras rejeições e desafios.

No entanto, arriscar suas economias e dedicar-se ao seu negócio resultou na criação de uma empresa bilionária, que remodelou a indústria da moda com seus produtos inovadores.

Além de empresária, Sara é filantropa e faz parte dos "tubarões" no programa Shark Tank.

Chris Gardner

Outro exemplo é o de Chris Gardner, cuja história inspirou o filme À Procura da Felicidade, estrelado por Will Smith (eu me emociono toda vez que vejo esse filme!).

Gardner, um pai solteiro enfrentando a pobreza e sem-teto, arriscou tudo para perseguir uma carreira em finanças, um campo no qual ele não tinha experiência nem formação.

Buscando mudar de vida, Chris aceitou um estágio não remunerado em uma prestigiada corretora, mesmo cuidando de seu filho pequeno.

Isso o levou a uma carreira bem-sucedida como corretor de ações e empresário.

Em 1987, fundou sua própria corretora, a Gardner Rich & Co LLC.

Janice Bryant Howroyd

E há a história de Janice Bryant Howroyd, que deixou sua pequena cidade natal, Tarboro, na Carolina do Norte, para buscar maiores oportunidades na Califórnia.

Com apenas 900 dólares no bolso, ela fundou a ACT-1 Group, uma agência de empregos.

Sua empresa cresceu para se tornar a maior empresa de propriedade de uma mulher negra nos Estados Unidos, transformando-a em uma das mulheres mais ricas do país.

E no Brasil, será que as pessoas tomam risco?

Com certeza!

No Brasil, também temos histórias de pessoas que, ao assumirem riscos, mudaram não apenas suas próprias vidas, mas também impactaram a sociedade de maneira significativa.

Luiza Helena Trajano

Luiza Helena Trajano é um exemplo emblemático.

Vinda de Franca, interior de São Paulo, ela assumiu a liderança do Magazine Luiza, uma pequena rede de lojas de varejo fundada por sua tia.

Com uma visão inovadora e gestão focada em pessoas, arriscou em estratégias avançadas para a época.

Investiu na venda de produtos via carnês e na digitalização do negócio antes da concorrência.

Com o tempo, ela transformou o Magazine Luiza em um dos maiores e mais respeitados varejistas do Brasil, com forte presença online e física.

Jorge Paulo Lemann

Um dos empresários mais bem-sucedidos do Brasil, Jorge Paulo Lemann começou sua carreira no mercado financeiro e, junto com seus sócios, assumiu o risco de comprar empresas subvalorizadas para transformá-las.

Uma dessas aquisições foi a Brahma, uma cervejaria que, através de fusões e aquisições estratégicas, se transformou na gigante Ambev.

Mais tarde, o grupo de Lemann também realizou aquisições de renome internacional, como Burger King e Heinz.

Edu Lyra

Edu Lyra é um exemplo inspirador de como assumir riscos pode ter um impacto social profundo.

Vindo de uma comunidade carente, Edu decidiu que queria fazer a diferença na vida de pessoas que, assim como ele, enfrentavam desafios significativos devido à pobreza.

Com poucos recursos, mas muita determinação, ele fundou o Instituto Gerando Falcões, uma organização que oferece educação e capacitação profissional para jovens de comunidades carentes.

Sua coragem de arriscar em nome de uma causa maior transformaram a vida de milhares de pessoas, mostrando o poder do empreendedorismo social.

Silvio Santos

Silvio Santos (nome artístico de Senor Abravanel) começou sua carreira como camelô nas ruas do Rio de Janeiro.

Em uma jornada de riscos calculados e inovação, Silvio construiu um dos maiores impérios de comunicação do país, o Grupo Silvio Santos, que inclui a rede de televisão SBT.

Sua persistência e carisma o transformaram em um dos homens mais ricos e respeitados do Brasil.

Quando arriscar é romper os limites do bem e do mal

Ao considerarmos essas histórias, fica claro que assumir riscos é, muitas vezes, um passo necessário em direção ao sucesso e à realização de nossos sonhos.

Mas, e quando arriscar é levado tão ao limite que extrapola todas as barreiras da ética e da moral em nossa sociedade?

Embora muitas histórias de sucesso tenham começado com um salto de fé, existem também aquelas que terminaram em fracasso.

A seguir, conheça exemplos de pessoas que, ao assumirem riscos de maneira imprudente e até mesmo inescrupulosa, enfrentaram consequências irreparáveis, perdendo fortunas e, em alguns casos, indo à ruína.

Elizabeth Holmes

Elizabeth Holmes fundou a Theranos com a promessa de revolucionar os testes de sangue.

No entanto, a empresa falhou em cumprir suas promessas tecnológicas, e as alegações se revelaram falsas.

Ela foi acusada de realizar um esquema de fraude maciço, enganando investidores, pacientes e reguladores sobre a eficácia de sua tecnologia.

Como resultado, passou de ser uma bilionária promissora, vista como a próxima grande inovadora no Vale do Silício, para enfrentar acusações criminais, perdendo sua reputação e fortuna.

Sua história é retratada na série The Dropout, disponível na Apple TV.

Sean Quinn

Sean Quinn, que já foi o homem mais rico da Irlanda, é um exemplo de como investimentos arriscados e alavancagem excessiva podem levar à ruína financeira.

Quinn acumulou sua fortuna por meio de uma variedade ampla de investimentos, incluindo seguros, propriedades e indústrias.

No entanto, sua decisão de investir pesadamente no Anglo Irish Bank, usando contratos financeiros complexos, acabou mal.

Quando o banco colapsou durante a crise financeira de 2008, Quinn perdeu quase tudo, passando de bilionário a falido.

Além da perda financeira, ele e sua família enfrentaram uma batalha legal prolongada.

Eike Batista

Eike Batista, um empresário brasileiro, já foi considerado um dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em mais de 30 bilhões de dólares.

Eike construiu seu império investindo em setores como mineração, petróleo e gás.

Seus investimentos, no entanto, foram arriscados devido à superestimação de reservas de petróleo e à dependência de um ambiente econômico favorável.

A queda dos preços das commodities, junto com investigações de corrupção, levou à derrocada de seu império, fazendo com que Eike perdesse quase toda a sua fortuna e enfrentasse acusações criminais.

Jerome Kerviel

Jerome Kerviel é um nome conhecido no mundo das finanças por razões infelizes.

Enquanto trabalhava como trader para o Société Générale, um dos maiores bancos da França, Kerviel se dedicava a negociações não autorizadas de alto risco que resultaram em perdas de aproximadamente 4,9 bilhões de euros em 2008.

Suas atividades, embora inicialmente visando lucro, foram catastróficas tanto para ele quanto para o banco.

Kerviel foi condenado por abuso de confiança, falsificação e inserção de dados em computadores.

Bill Hwang

Proprietário da Archegos Capital Management, Bill Hwang viu sua empresa desmoronar em março de 2021, ocasionando grandes perdas para os bancos que forneciam serviços financeiros ao seu fundo de investimento.

Hwang contraiu empréstimos bilionários de bancos e se alavancou excessivamente por meio de instrumentos financeiros conhecidos como derivativos, concentrando suas apostas em ações de empresas chinesas e americanas. Entre elas, a ViacomCBS, um conglomerado de mídia norte-americano.

O resultado foi a liquidação forçada de posições, causando uma reação em cadeia nos mercados e resultando em prejuízos estimados em 10 bilhões de dólares.

John Meriwether

John Meriwether e o Long-Term Capital Management (LTCM) oferecem um estudo de caso clássico sobre riscos na gestão de fundos de investimento.

Fundado por Meriwether, um ex-executivo do Salomon Brothers, e equipe composta por laureados com o Prêmio Nobel em Economia, o LTCM foi inicialmente bem-sucedido, oferecendo retornos impressionantes.

No entanto, o fundo assumiu posições altamente alavancadas em uma série de mercados.

Em 1998, após a crise financeira russa e a subsequente aversão ao risco no mercado global, o LTCM sofreu perdas enormes que ameaçaram até mesmo a estabilidade do sistema financeiro.

O fundo teve que ser resgatado por um consórcio de bancos, liderado pelo Federal Reserve de Nova York.

Se quiser conhecer mais sobre esse caso, recomendo (muito!) a leitura do livro Quando os gênios falham: a ascensão e a queda da Long-Term Capital Management (LTCM), de Roger Lowenstein.

Essas histórias nos lembram de que, enquanto o risco pode levar a recompensas significativas, quando mal avaliados podem ter consequências trágicas, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.

São lições valiosas sobre a importância da diligência, da ética e da gestão prudente de riscos no mundo dos negócios, dos investimentos e na vida pessoal.

É possível gerenciar o risco?

Embora assumir riscos possa ser assustador, é muitas vezes um passo necessário em direção ao sucesso e à realização de nossos sonhos.

Segurança é superstição. Ela não existe na natureza, e as crianças não acreditam nisso. Evitar o perigo não é mais seguro a longo prazo. A vida é uma aventura ousada, ou nada.

Helen Keller

Para quem deseja incorporar mais risco em sua vida de maneira benéfica, aqui vão algumas sugestões:

  1. Avalie os riscos: Antes de decidir arriscar, considere as possíveis consequências e avalie se vale a pena.

  2. Comece pequeno: Não é necessário arriscar tudo de uma vez. Comece com riscos menores e vá aumentando conforme ganha confiança.

  3. Aprenda com os erros: Veja cada fracasso como uma oportunidade de aprendizado. Errar faz parte do processo de crescimento.

  4. Busque apoio: Rodeie-se de pessoas que o encorajam e apoiam. Às vezes, um pouco de incentivo externo é tudo o que precisamos para tomar coragem e progredir.

  5. Mantenha sua visão: Lembre-se do porquê de estar assumindo esse risco. Manter o foco no objetivo pode ajudar a atravessar momentos de incerteza.

Para concluir…

Seja na criação de uma nova empresa, na mudança de carreira, ou simplesmente ao sair da nossa zona de conforto, os riscos que escolhemos correr têm o potencial de moldar nossas vidas de maneiras que mal podemos imaginar.

A chave está em avaliar cuidadosamente esses riscos, aprender com os fracassos e manter a fé em nossa visão, mesmo quando confrontados com adversidades.

Obrigado por ler até aqui!

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Até a edição #004,

Gus

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