O poder dos relacionamentos

Vida & Lucros | Edição #008

Hoje, quero falar sobre o poder dos relacionamentos, especialmente para aqueles que, por natureza, podem se sentir mais reticentes sobre esta prática.

Meu objetivo aqui não é abordar o networking do ponto de vista técnico, ensinando com profundidade técnicas de como aumentar sua rede, mas despertar a importância dessa prática e como você pode usá-la para ter benefícios de longo prazo em todas as áreas da vida.

Networking é coisa de interesseiro?

Muitas pessoas costumam dizer que fazer networking é coisa de gente interesseira, que quer usar da boa vontade alheia e se aproveitar dos outros a qualquer custo, mas isso não é verdade.

Pessoas interesseiras só pensam em levar vantagem em todas as situações.

No fundo, networking é uma forma de viver mais colaborativa.

José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli, explica que networking se faz, sim, por interesse, mas que se trata de uma relação de ganha-ganha.

Networking se faz por interesse. Contudo, quem é interesseiro não o está exercendo, porque networking é uma ação de reciprocidade, de benefício mútuo. É uma coisa do bem.

José Augusto Minarelli

Pare e pense:

Quase tudo que você faz na vida e que inclui, pelo menos, mais uma pessoa  tem algum interesse por trás.

Pode ser até "meio sem querer", mas tudo tem um objetivo.

Não posso explicar essa tese por meio da psicologia ou medicina, mas empiricamente, sei que ocorre.

É uma ilusão acharmos que eu e você somos desprovidos de qualquer interesse pessoal e que agimos meramente em prol do benefício alheio.

Balela!

Nós fazemos o que o que fazemos pelo nosso próprio bem.

Ao dar esmola ou ajudar um necessitado, pode não parecer, mas além de estar fazendo pelo bem do próximo, você também o faz em benefício próprio.

Isso não muda o fato de que outra pessoa será beneficiada por sua atitude, e isso é muito positivo.

Mas, ao ajudar o outro, você busca sentir-se bem consigo mesmo, tendo aquela sensação de dever cumprido, de ter feito a boa ação do dia.

Dito de outra forma, o que você não quer é ficar remoendo por horas ou dias a sensação de ter passado entre seus dedos a oportunidade de fazer o bem por alguém que sofre, que precisa mais do que você, e não ter feito nada.

Percebe que é sempre sobre você?

Veja meu exemplo.

Eu sou um cara que prefere muito mais dar presentes do que receber.

Mesmo sendo grato quando ganho, a sensação de ver alguém feliz por algo que eu proporcionei é muito maior do que a alegria de ganhar um presente de alguém, não importa o que seja.

De novo, é sobre mim.

Você pode pensar em mil outros exemplos.

Se for honesto consigo mesmo, vai ver que é sempre sobre você.

A pessoa com a qual você se casa.

O funcionário que você contrata.

O sócio que você escolhe.

Você. Você. Você.

No entanto, isso não é prejudicial.

Pelo contrário.

Se partir de um interesse genuíno, é bom para quem dá e melhor ainda para quem recebe, mesmo que isso não traga nenhum benefício direto ou imediato a quem pratica.

É justamente daí que vem a essência do networking.

Adam Smith, considerado o pai da economia moderna, em seu livro "A Riqueza das Nações", apesar de não se referir ao networking, especificamente, traz informações que nos ajudam a entender melhor esse contexto.

Ele argumenta que a busca pelo próprio interesse individual promove o desenvolvimento e a prosperidade da sociedade.

Eu trabalho para ser bem-sucedido enquanto você busca mais tempo com a família.

Outra pessoa trabalha para ter mais tempo e dinheiro para viajar.

A sociedade e a economia se beneficiam do resultado do nosso trabalho.

Smith exemplifica essa tese com alguns exemplos:

Um trabalhador não se levanta toda manhã apenas por amar seu trabalho ou desejar praticar o bem.

Ele se levanta e vai trabalhar todos os dias porque sabe que precisa daquele salário para sobreviver.

O dono da padaria não começa a trabalhar às 4 da manhã por ser bonzinho e querer que você tenha seu pão quentinho e prontamente disponível às 6 a.m., a fim de se beneficiar de um delicioso café da manhã em família.

Ele o faz por interesse próprio, visando o lucro como resultado.

Todavia, ambos os casos trazem reflexo positivo para a economia e a sociedade.

Acredito que ficou claro aonde quero chegar, não é?

Ser interessante é bem diferente de ser interesseiro, e você deveria acreditar nisso se quiser prosperar na vida.

Saber se conectar com as pessoas e construir relacionamentos de valor é uma das habilidades mais importantes no século 21. Afinal, ninguém faz nada sozinho.

Alice Sosnowski

Acesso cancela ingresso

No universo dos negócios e da vida pessoal, uma verdade subsistiu, perdura e sempre persistirá:

A qualidade de nossos relacionamentos pode definir a trajetória de nossas vidas e carreiras.

Há 2 anos, ouvi pela primeira ver a frase "acesso cancela ingresso" e, desde então, ela nunca mais saiu da minha mente.

Frequentemente, ouvimos histórias de gente famosa que vai a restaurantes chiques, mas que, na hora de pagar a conta, o estabelecimento fez questão de não cobrar.

Há também pessoas que participam gratuitamente de eventos caros, como camarote da F1, shows e peças de teatro.

A lista de exemplos é enorme e você com certeza pode citar vários.

Isso é o poder do networking, que gera influência e te dá acesso a pessoas, lugares, cargos e experiências.

Muitas vezes, porém, o networking vai demandar um alto investimento pela oportunidade de se conectar com quem você almeja.

Isso pode significar ter que investir para participar de cursos e mentorias ou frequentar clubes e restaurantes renomados.

Faz parte do show.

Contra fatos, não há argumentos

O Princípio de Pareto, ou a regra 80/20, afirma que cerca de 20% das ações produzem 80% dos resultados, ou 80% dos efeitos provêm de 20% das causas.

Esse princípio é frequentemente aplicado em diversos campos, mas será que também pode ser atribuído aos relacionamentos?

Podemos dizer que 80% dos nossos resultados vêm de 20% de nossas conexões?

Não sei a resposta.

Porém, essa indagação me faz pensar que, do ponto de vista de resultados, cultivar e manter relações profundas com um grupo seleto pode ser mais benéfico do que dispersar esforços em uma ampla rede de contatos superficiais.

Este foco permite investir tempo e energia onde pode gerar frutos significativos.

A empresa The Adler Group realizou uma pesquisa que mostra que mais de 80% das oportunidades de trabalho dentro das empresas são preenchidas por indicações.

Uma pesquisa divulgada no blog do LinkedIn mostrou que mais de 70% dos profissionais são contratados em empresas onde eles já têm uma conexão.

A mesma pesquisa apontou ainda que pessoas que aplicam a uma vaga e são indicadas por um funcionário atual da empresa têm nove vezes mais chances de serem contratadas. 

Esses dados só corroboram o que eu venho aprendendo e atestando ao longo do tempo:

A rede de contatos que construímos é uma das ferramentas mais poderosas para nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

Exemplos de como já utilizei minha rede de relacionamentos

Concurso Musical na rádio Caiobá FM

Como comentei na edição #005, estudei música por muitos anos e cheguei a participar de diversos concursos musicais.

Certa vez, quando eu tinha 15 ou 16 anos, a Caiobá FM, uma das principais rádios populares de Curitiba, realizou um concurso de cantores, no qual o vencedor gravaria uma música própria em um estúdio profissional de uma grande gravadora.

Quando fiquei sabendo do concurso, imediatamente fui procurar me inscrever.

Porém, o prazo para inscrições já tinha acabado.

Decepcionado, contei para minha mãe e ela se lembrou que um dos pacientes da clínica de psicologia em que ela trabalhava há anos era diretor daquela rádio.

Ela então conversou com ele para ver se seria possível me encaixar.

O diretor disse que não poderia passar por cima dos prazos da rádio, mas que se tivesse alguma chance ele me colocaria.

Dois dias depois, me ligaram da rádio dizendo que um dos participantes tinha desistido do concurso.

Explodi de alegria.

Além de conhecer a rádio por dentro, gravei uma música dentro dos estúdios deles e pude sentir um pouco dessa experiência musical e artística.

Infelizmente não ganhei, mas foi um experiência incrível!

Ah, para matar sua curiosidade, a música que cantei nesse concurso foi essa aqui (se rir, acabou a amizade, hein! 👀 😂).

Grupo Opsamba

Em 2005, um amigo de longa data, que frequentava o mesmo clube que eu, começou a levar seus instrumentos de percussão para os churrascos e encontros que fazíamos.

Wallace, o amigo que me apresentou ao Opsamba

Eu, que já tocava violão e estava começando a tocar cavaquinho, comecei a levar também os meus.

Depois de um tempo, esse amigo me convidou para conhecer as pessoas de um grupo de samba e pagode do qual ele estava participando.

Disseram que estavam precisando de alguém para tocar banjo e ajudar a cantar.

Precisavam também de um violonista, e convidei meu primo, que sabia tocar violão, para ir junto comigo.

O pessoal gostou da gente e começamos a tocar juntos.

Daí nasceu o Grupo Opsamba.

Sim, há 16 anos eu usava colar de côco 🙈

Por 6 anos, participamos juntos da melhor época do samba e pagode que Curitiba já teve, e fomos considerados um dos melhores grupos daquela geração.

A amizade com meu amigo me ajudou a alcançar meu sonho de infância de ser um músico, um pseudo-artista.

Eu e meu banjo, em 2009

Meu primo, por sua vez, se beneficiou do meu networking para embarcar nessa jornada junto comigo.

E foi um tempo muito feliz!

Tenho muitos outros exemplos de como a rede de relacionamentos me ajudou a atingir meus objetivos.

Tenho certeza de que, ao percorrer minhas histórias, você recordou momentos em que a conexão com outras pessoas foi essencial em sua vida, mesmo que não tenha percebido antes.

Networking para quem não quer fazer networking

O primeiro passo para quem não gosta de networking é reconhecer que esta atividade não precisa ser uma série de interações forçadas ou artificiais.

Pelo contrário, o verdadeiro networking é sobre construir conexões autênticas e significativas.

A respeito desse tema, uma indicação valiosa que quero deixar para você é do livro "Networking para Quem Não Quer Fazer Networking", de Karen Wickre.

Karen é uma veterana da comunicação e antiga executiva do Google e do Twitter, e transformou sua experiência em um guia prático para quem acha a tarefa de fazer networking desafiadora, especialmente introvertidos e pessoas mais reservadas.

Ela recomenda a estratégia do "slow networking".

Isso implica na construção gradual de redes de contato por meio de encontros menores ou interações digitais.

Plataformas como o LinkedIn podem ser aproveitadas para iniciar conversas de maneira confortável, sem o medo de interações ao vivo.

Caminhando para o final desta edição, trouxe aqui o que considero ser os principais pontos do livro, pois acredito que podem ser de grande valor para você na prática do networking.

  • Redefinindo o conceito de networking: Networking não precisa ser uma série de encontros formais ou eventos de troca de cartões. Pode ser algo mais natural e orgânico, baseado em construir e manter conexões genuínas ao longo do tempo.

  • Técnicas adaptadas a introvertidos: O livro oferece estratégias específicas para pessoas que são naturalmente mais introvertidas. Um exemplo é preparar-se de maneira antecipada para eventos, escolhendo algumas perguntas ou tópicos para discutir, e focar em fazer apenas algumas, mas significativas conexões, ao invés de tentar conhecer todos no evento.

  • Utilização de tecnologia e redes sociais: Use tecnologias e redes sociais para facilitar conexões. Elas permitem iniciar conversas e manter relacionamentos de forma menos intrusiva e mais controlada.

  • Networking sustentável: Nesse tipo de networking, as conexões são mantidas através de interações consistentes e autênticas ao longo do tempo, em vez de contatos esporádicos. Utilizar práticas como o envio de artigos de interesse, atualizações breves e congratulações por conquistas podem manter a rede ativa sem grande esforço.

O livro da Karen é recheado de histórias pessoais e exemplos de outras pessoas que transformaram suas redes de contatos em poderosos recursos profissionais e pessoais, demonstrando como os conceitos apresentados podem ser aplicados na vida real.

Vale muito a pena a leitura completa!

Para concluir...

Nós precisamos democratizar o conceito de networking.

Ele não é apenas uma ferramenta para avançar na carreira, mas sim um recurso valioso para todos, independentemente de sua idade, classe social, temperamento ou nível de extroversão.

Ao mudar a forma como percebemos e exercemos essa habilidade, podemos abrir portas que talvez nem imaginávamos que estavam lá.

Encorajo cada você a olhar para suas redes de contato não como um número, mas como um conjunto de relações humanas ricas e potencialmente transformadoras.

Construir uma rede de contatos qualificada é um investimento precioso, que oferece retornos em oportunidades de carreira, suporte pessoal em momentos de crise e a chance de influenciar a comunidade positivamente.

É sobre criar um ecossistema onde todos os envolvidos podem crescer e prosperar.

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🧠 Meu download mental

(1) Leia junto comigo 📕

  • Atitude Mental Positiva

    Um clássico de Napoleon Hill, o livro ensina que nossa mente é um talismã secreto. De um lado é dominado pelas letras AMP (Atitude Mental Positiva) e, por outro, pelas letras AMN (Atitude Mental Negativa). Uma atitude positiva irá, naturalmente, atrair sucesso e prosperidade. A atitude negativa vai roubá-lo de tudo que torna a vida digna de ser vivida.

(2) Me assista tocando essa música 🎹

(3) O que estou assistindo 🎥 

  • Sugar

    “Sugar” é uma interpretação contemporânea de um dos gêneros mais populares e importantes da literatura, televisão e cinema: histórias de detetives particulares. O indicado ao Oscar Colin Farrell interpreta John Sugar, um investigador particular americano que acompanha o misterioso desaparecimento de Olivia Siegel, a querida neta do lendário produtor de Hollywood Jonathan Siegel. Enquanto tenta descobrir o que aconteceu com Olivia, Sugar descobrirá os segredos da família Siegel, alguns recentes e outros enterrados há anos.

(4) O que estou ouvindo 🎧

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Até a edição #009,

Gus

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