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O herdeiro despreparado é um risco invisível

Vida & Lucros | Edição #058

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Quando a herança chega antes da preparação

Às vezes, o patrimônio está inteiro. Mas a família, não.

O velório acabou perto das cinco da tarde. As últimas flores já estavam murchando quando a família saiu dali direto para a casa do pai. Era uma casa grande, daquelas construídas há décadas, com cômodos amplos, móveis escuros, gavetas pesadas, e uma memória para cada canto.

Eles chegaram ainda meio sem saber o que estavam fazendo. Alguns foram para a cozinha, outros sentaram na sala. A cunhada queria preparar um café, mas ninguém sabia onde estavam os filtros. O irmão mais novo tentava se lembrar da senha do cofre, porque o pai um dia comentou algo sobre deixar lá o testamento e alguns documentos.

Não acharam o cofre. Nem o testamento. Nem os documentos.

Não sabiam qual era o último contador. Nem se havia seguro. Nem se a holding estava atualizada. Nem se os imóveis estavam em nome da empresa ou da pessoa física. Nem se havia doações em vida. Nem como estavam as dívidas. Nem mesmo quem era o advogado.

Era uma família rica. Muito rica, se você quiser saber. Mas, naquele momento, estavam pobres de informação. Pobres de estrutura. Pobres de preparo.

A morte do pai não foi só o fim da liderança familiar. Foi o início de uma era de silêncio, disputa e desconfiança.

A herança existia. O patrimônio estava lá. Mas o herdeiro — ou melhor, os herdeiros — não sabiam o que fazer com ele.

E o que era para ser um legado virou um problema.

Essa carta é a continuação de uma conversa que começamos há três semanas atrás, sobre responsabilidade, patrimônio e maturidade. Se você chegou agora, ou se quiser se aprofundar, recomendo que leia também as edições anteriores dessa série:

O risco invisível que corrói por dentro

Nem todo risco é visível. E os que não se veem são os que mais demoram a ser resolvidos.

Há algo de cruel em preparar os filhos para a vida e esquecer de prepará-los para a morte.

A gente ensina a andar de bicicleta, a escovar os dentes, a estudar para a prova, a usar camisinha, a pegar leve no álcool.

Ensina a não andar com qualquer um, a não gastar tudo de uma vez, a desconfiar dos muito simpáticos.

Mas não ensina o que fazer quando a gente não estiver mais aqui.

Não ensina quem procurar, onde estão as coisas, qual era a lógica da organização, o que foi feito com o patrimônio, o que não foi feito, nem o que foi prometido e nunca escrito.

Pior: muitas vezes não ensina nem a conversar com os próprios irmãos.

O herdeiro despreparado é um risco invisível. Você não vê na planilha. Não aparece no DRE. Nenhum relatório financeiro mostra isso. Mas ele é o risco que corrói o patrimônio por dentro. Como cupim.

O herdeiro despreparado pode ser o filho que foi protegido demais, nunca trabalhou de verdade e acha que herança é um salário vitalício.

Pode ser o irmão que se sentia mais próximo do pai — e agora acredita que merece mais do que os outros, ou aquele que ficou na empresa enquanto os demais seguiram caminhos diferentes, e hoje age como se tivesse prioridade.

Tem também quem nunca entendeu de números, mas decide que vai assumir a gestão, quem se casa com alguém manipulador, quem não aceita dividir, ou ainda, quem cede demais apenas para evitar brigas — e se anula no processo.

Em quase todos os casos, o herdeiro despreparado é alguém que não teve as conversas certas enquanto ainda havia tempo.

Casos reais, destinos diferentes

Dois legados, duas histórias. O que muda não é o valor — é o preparo.

Você deve conhecer a história da família Klein, fundadora da Casas Bahia.

Samuel Klein construiu um império a partir do nada. Começou vendendo de porta em porta, criou uma das maiores redes de varejo popular do Brasil e se tornou símbolo de ascensão no país. Mas o sucesso empresarial não foi acompanhado por um processo de sucessão bem estruturado.

Depois da morte do patriarca, os filhos, que nunca conversaram de verdade sobre as decisões estratégicas do grupo, iniciaram uma disputa pública, intensa e dolorosa.

Acusações cruzadas. Bilhões em jogo. Desconfianças que cresceram no silêncio das décadas e explodiram justamente no momento em que se esperava união.

O nome da família, que um dia representou progresso, passou a estampar manchetes de brigas, bloqueios, afastamentos, processos.

Todos foram vítimas de um erro comum: o de acreditar que amor de família basta para garantir harmonia quando o dinheiro entra na sala.

Agora compare com a história da família Birman, da Arezzo.

Anderson Birman não só fundou uma das marcas mais fortes do varejo brasileiro, como preparou cuidadosamente o terreno para que seu filho, Alexandre, assumisse a liderança com legitimidade, visão e autonomia. Não foi uma passagem de bastão simbólica. Foi um processo.

O filho foi envolvido, ouvido, respeitado e desafiado. Não apenas “treinado”.

A governança foi estruturada antes da necessidade. As conversas aconteceram em vida. As decisões foram compartilhadas enquanto ainda havia tempo para discordar com sabedoria.

Hoje, a Arezzo & Co é uma potência. Cresceu, adquiriu marcas, inovou, consolidou presença no mercado. E segue como empresa familiar sem ser refém da família.

O que separa essas duas histórias?

Não é o tamanho do patrimônio.

É a consciência de que legado não é o que se deixa, mas o que se constrói com quem vai ficar.

Em uma família, o silêncio destruiu. Na outra, o diálogo construiu.

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Proteger não é calar, é construir confiança

Conversar antes é proteger mais. O silêncio costuma custar caro.

Em muitas famílias, o desejo de proteger se transforma em silêncio.

Evita-se falar sobre o que importa para não gerar desconforto. A hora nunca parece ser a certa. O medo de ferir ou dividir paralisa qualquer tentativa de conversa.

Só que o que é adiado demais costuma voltar. E, quando volta, vem carregado de mágoa.

Alguns preferem esconder tudo, achando que assim evitam confusão. Outros despejam todas as informações de uma vez, como se abrir a caixa resolvesse o conteúdo.

Nenhum dos dois caminhos prepara ninguém pra nada.

O que prepara é o diálogo com intenção, a conversa orientada, a decisão de tratar o futuro como algo que se constrói, não como algo que se herda por osmose.

Acompanho uma família que tomou essa decisão. O patriarca, ainda com saúde e lucidez, resolveu reunir todos antes que fosse tarde. Quis deixar claro onde estavam as coisas, como funcionavam e, principalmente, abrir espaço para ouvir.

A primeira conversa foi desconfortável.
Na segunda, vieram as perguntas certas.
Na terceira, surgiram entendimentos que nunca haviam sido ditos em décadas.

O que parecia arriscado mostrou-se necessário.
A tensão deu lugar a um tipo novo de confiança.

Preparar os filhos é permitir que eles se tornem capazes de continuar, juntos, quando você já não estiver mais ali para mediar. Isso é bem diferente de apenas deixar tudo pronto.

Quando o herdeiro somos nós

Nem sempre é o outro que está despreparado. Às vezes, somos nós.

Nem sempre o despreparo está nos filhos.

Há quem já tenha herdado e ainda não saiba o que fazer. Gente que recebeu empresas, imóveis, aplicações, mas nunca desenvolveu maturidade para gerir.

Outros se tornaram sócios do patrimônio ainda com os pais vivos, mas seguem tomando decisões no escuro.

Somos, muitas vezes, os herdeiros despreparados de histórias que não aprendemos a sustentar.

E essa percepção dói, mas liberta.

O ponto de virada começa quando você se dá conta de que o maior risco não é a morte, mas a falta de continuidade.

A ausência de conversa.
A negligência com a organização.
A fantasia de que “depois a gente vê”.

A herança começa muito antes da partilha

O que você deixa começa muito antes do fim. E continua muito depois dele.

Você não precisa de uma fortuna para começar a se organizar. Basta ter algo — e alguém. O que existe já é suficiente para exigir preparo.

A maioria dos problemas entre herdeiros nasce quando ninguém sabe exatamente o que foi deixado, nem como aquilo deveria ser conduzido.

A falta de direção é o que gera tensão, e não o valor.

Herança não é muito mais do que só patrimônio. É contexto e estrutura. É o que vai sobrar quando a sua presença já não puder orientar mais ninguém.

Começar esse trabalho enquanto tudo está no lugar não é excesso de zelo. É maturidade.

Quando a herança é pensada em vida, ela tem chance de continuar.
Quando é improvisada na ausência, costuma se perder no meio do caminho.

Tem famílias que vivem bem, mas carregam esse assunto como um peso invisível.
Deixam para depois. Evitam o tema. Esperam o momento certo — que nunca chega.
Até que um dia o tempo acaba. E o que era evitável vira inevitável.

Se você sente que esse assunto já está na mesa, mesmo que ninguém fale sobre ele… talvez a hora seja agora.

Eu e meu time temos ajudado famílias a organizar o que foi construído com tanto esforço — e a preparar quem vai continuar.

Se quiser trocar uma ideia, é só me chamar.
A gente começa juntos.

Até a próxima,

Gus

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🌿 O que alimenta a minha mente

Gosto de acreditar que o que consumimos molda o que construímos.
Livros, filmes, músicas — tudo o que alimenta a mente e o espírito também influencia nossas escolhas, nosso olhar e a forma como deixamos nossa marca no mundo.
De tempos em tempos, compartilho aqui um pouco do que tem me inspirado nos bastidores.

📚 Lendo:

  • Atitude Mental Positiva — Napoleon Hill & W. Clement Stone

    Um clássico sobre como a atitude certa pode abrir caminhos que, à primeira vista, parecem impossíveis. Uma leitura que reforça a importância de cuidar do que se passa dentro da nossa cabeça.

🎥 Assistindo:

  • Imóveis de Luxo em Família — Netflix

    Um reality que mostra o dia a dia de uma família francesa especializada em imóveis de alto padrão. Além do entretenimento, é uma boa aula sobre comportamento, negociação e o universo das famílias mais ricas da Europa.

🎧 Ouvindo:

  • Violão Instrumental Brasileiro — Playlist no Spotify

    Música brasileira interpretada por grandes violonistas, perfeita para momentos de foco, escrita ou apenas para apreciar a beleza da simplicidade.

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