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Zé, José, descanse em paz.
Vida & Lucros | Edição #018
Todo dia, um ninguém José acorda já deitado.
Todo dia, ainda de pé, o Zé dorme acordado.
Muito prazer, sou José, mas pode me chamar de Zé.
Na semana retrasada, saí de férias com minha esposa.
Nosso destino foi Morro de São Paulo, na Bahia.
Vista da pousada na Primeira Praia em Morro de São Paulo, na Bahia.
Ela, como sempre, planejou tudo com dedicação e carinho, até nos aspectos mais sutis.
Eu, como sempre, só fui.
Passeio de barco em Morro de São Paulo até a praia de Garapuá.
Mas, dessa vez, tinha um porém: ela exigiu que eu tirasse férias de verdade, no sentido literal da palavra.
Férias (substantivo feminino, plural)
1. Período de descanso durante o qual se interrompem as atividades habituais, especialmente as escolares ou laborais.
2. Folga, descanso remunerado anual a que tem direito o trabalhador, após um período de trabalho contínuo.
Eu venho de um período recente complicado em termos de saúde.
Apesar de não ter sido diagnosticado com doença ou alteração, mesmo porque não procurei ajuda médica, estava esgotado física e mentalmente.
Acordava muito cansado, não importava a hora em que eu fosse dormir.
Não conseguia dormir antes da meia noite, mas ainda assim meu relógio biológico me acordava às 5 e pouco da manhã.
Eram raros os dias em que conseguia dormir mais de 6 horas.
Tomava, e ainda tomo, muito café o dia inteiro, na esperança de me manter de pé até o fim dos dias intermináveis.
O período da tarde, após o almoço, era difícil para mim.
Sempre usei muito a função do Apple Watch que me lembra de ficar em pé e me movimentar várias vezes por dia, para dar uma acordada.
Uso a técnica Pomodoro também — caso se interesse, recomendo esse site.
Após às 18h, tudo o que eu desejava era voltar para casa, me deitar no sofá e só levantar na manhã seguinte para ir trabalhar.
Por muitas vezes fiz isso, principalmente quando ainda morava sozinho em Curitiba.
Sem ânimo para malhar, eu ia à academia às 6 da manhã e retornava para dormir um pouco mais antes do trabalho.
Engordei mais de 5 quilos, as olheiras — de causar inveja até no Antônio Fagundes — estavam escuras e fundas, e muitas das minhas roupas já não me serviam mais.
Minha cabeça doía quase o dia todo e os olhos tremiam de espasmos como vara verde.
Estava desanimado com o trabalho e com meu corpo.
Mas o problema não era o trabalho nem o corpo, era a minha cabeça.
Estava esgotado mentalmente e isso tinha reflexo em todo o resto.
Eu era o José, o Zé.
Melhor dizendo, eu estava José.
Para piorar, como viajo muito de ônibus, durmo várias noites a bordo da já famosa Aviação Garcia.
E por mais que seja leito cama, nunca é um sono pleno na estrada.
Eu sou do tipo que dificilmente consegue se desligar do trabalho.
Antes, eu tinha orgulho de dizer isso.
Hoje, não mais.
No auge dos meus 38 anos, isso agora me preocupa.
O corpo fala e cobra.
A conta chega.
Me sinto sempre culpado por não estar trabalhando, produzindo, sendo útil.
Muita gente se sente assim, eu sei.
Mas tenho aprendido que descansar faz parte do trabalho.
Assim como não exercitamos os mesmos músculos diariamente na academia para permitir sua recuperação e crescimento, o mesmo se aplica à nossa mente.
Prometi à minha esposa que dessa vez não trabalharia, mas sabia que isso era impossível.
Falhei, mas me saí muito melhor do que todas as outras vezes.
Digamos que cumpri 80% do combinado.
Nos últimos 8 anos, não foram mais que 30%.
A maior prova de que eu estava me empenhando nesse negócio de tirar férias era que frequentemente me esquecia em que dia da semana estávamos, a ponto de ter que perguntar para alguém.
Me programei para escrever com antecedência as edições #016 e #017 da Vida & Lucros.
Foi muito difícil fazer isso em uma semana, mas consegui.
Avisei a todos os meus clientes que estaria de férias na semana seguinte e deixei o atendimento por conta de um dos meus parceiros de equipe.
Para a minha surpresa, todos me desejaram um ótimo e necessário descanso, e disseram que eu deveria relaxar mesmo.
Sempre tive receio de dizer a um cliente que sairia de férias, por medo de ele achar que estaria deixando-o abandonado.
Na minha profissão, as situações podem mudar rapidamente, e preciso estar sempre alerta para responder de imediato quando isso ocorrer.
Porque vai acontecer, só não sabemos quando.
Isso me faz ficar a todo momento em posição de luta, de alerta.
Por isso, sair de férias era algo que praticamente não existia para mim.
O corpo viajava, a mente ficava no trabalho.
Minha esposa queria que eu não levasse o notebook, mas para mim isso é como deixar uma perna em casa.
Sem chance!
Talvez nem utilizasse, mas me tranquilizaria saber que, se necessário, ele estaria lá.
Saímos de viagem no sábado, 29/06, e voltamos no domingo, 07/07.
Tentei cumprir ao máximo o que combinamos e o resultado foi surpreendente.
Pela primeira vez em muitos anos, sinto que consegui descansar bem e recarregar as energias.
É claro que tive que realizar algumas atividades e resolver algumas questões do trabalho que só eu poderia executar, mas foram tarefas pré-programadas, rápidas e pontuais.
Jamais imaginei que estaria sentado na areia de uma bela praia numa segunda-feira à tarde, apenas apreciando o momento, sem preocupações com o trabalho e sem checar o celular constantemente para ver se minha equipe ou clientes precisam de mim.
Mas foi o que aconteceu.
Eu usava o celular apenas para registrar a viagem no Instagram, para alimentar meu lifestyle blogueiro 😎, e raramente para uma ou outra coisa do trabalho.
Abri o notebook em apenas dois dias e por poucas horas, para terminar a formatação e a programação das newsletters e dos posts no Instagram.
Você não vai acreditar no que aconteceu quando voltei ao trabalho.
Está preparado(a)?
Então, toma:
Estava tudo exatamente igual!
Juro!
A empresa continuou rodando perfeitamente sem a minha indefectível, esplendorosa e insubstituível presença.
Dá para acreditar?
(Contém ironia!).
Para não dizer que não fiz nada relacionado à assessoria de investimentos, prospectei o dono da pousada onde estávamos hospedados.
Afinal, não posso deixar de montar num cavalo que passa encilhado na minha frente.
Também tirei umas fotos e fiz uns vídeos, pensando em usar nos posts e nas capas das próximas edições da newsletter.
Mas foi só isso.
O resultado foi que voltei muito mais leve, feliz, descansado, grato e animado.
Nas vezes anteriores, retornava das "férias" já exausto, sem ter descansado um dia sequer.
Durante a viagem, tive várias ideias de conteúdo para a news e para as redes sociais, vários insights de melhorias para meu time e para o escritório, e eles brotavam na minha mente sempre quando eu estava caminhando na praia ou sentado à beira-mar, lendo ou pensando em nada.
Minha esposa brincava que nossa única preocupação era escolher entre moqueca de camarão ou lagosta com risoto de siri para o jantar.
Fazendo uma retrospectiva, vejo que as melhores ideias que tive na vida vieram em momentos de descanso, no que chamam de ócio criativo, ou só durante um ócio mesmo.
Estou rejuvenescido e com total disposição para me entregar ao trabalho e aos meus projetos pessoais, como cuidar melhor do corpo, da mente e da alimentação.
Não vou entrar no mérito científico e nem discorrer sobre os benefícios e a importância que o descanso programado tem sobre nossa saúde física e mental.
Isso já é sabido por todos nós, tanto na teoria quanto na prática, nos impactos que o corpo sente ao longo do tempo.
Todavia, meu conselho é que você tire férias.
Nem que seja apenas por uma semana, como eu geralmente faço, mas tire um tempo para descansar.
Planeje o período de ausência para desfrutar ao máximo o tempo fora do trabalho e o trabalho fora de você.
É difícil, eu sei, ainda mais quando a remuneração depende quase que exclusivamente da nossa força de trabalho, como é o meu caso.
Mas, assim como na bolsa de valores, onde muitas vezes não fazer nada — não comprar ou vender uma ação — também é fazer alguma coisa, deixar o trabalho de lado e descansar por uns dias também é trabalhar.
Eu senti na pele os benefícios.
Espero que você sinta também.
Faça e experimente mais foco, mais produtividade, mais organização e mais resultados.
Zé, José, descanse em paz.
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Até a edição #019,
Gus
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