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Não planeje a própria ausência e deixe o caos como herança
Vida & Lucros | Edição #060
“Que se dane.”

O silêncio mais amargo é o de quem percebe que construiu tudo... para ninguém continuar.
Ele tinha quase trinta milhões de reais, distribuídos entre imóveis, investimentos financeiros e uma empresa consolidada, com décadas de história.
Um patrimônio que muita gente passaria a vida inteira tentando construir e não conseguiria.
Mas quando tocamos no assunto “sucessão”, a resposta dele veio como uma pancada:
— Que se dane. Quando eu morrer, minha família que se resolva. Eu construí tudo sozinho. Não vou gastar tempo nem dinheiro com seguro de vida, testamento ou qualquer outra bobagem dessas.
Eu ouvi aquilo com atenção e silêncio, porque aprendi, com o tempo, que quando alguém fala com esse tom, o que importa não está na frase, mas no que vem por trás dela.
Ele estava falando de mágoa, não de sucessão.
Nenhum dos três filhos quis seguir seu caminho, demonstrou interesse pela empresa ou se ofereceu para dar continuidade àquilo que ele dedicou a vida inteira pra levantar.
E a verdade é que ele não se sentia sucedido.
Sentia-se descartado.
Por trás do “que se dane”, o que ele dizia, de verdade, era:
“Eles não quiseram continuar o que eu criei. Então não vão herdar nada pronto.”
O testamento, o seguro de vida, o planejamento patrimonial… tudo isso parecia sem sentido pra ele.
Não porque ele não entendia, mas porque doía demais admitir que aquilo que ele construiu, com tanto esforço, não seria levado adiante por ninguém da própria família.
Era como escrever o próprio ponto final e aceitar que o legado acabava ali, com ele.
Essa sexta carta é a continuação de uma conversa que começamos há cinco semanas, sobre responsabilidade, patrimônio e maturidade.
Se você chegou agora, ou se quiser se aprofundar, recomendo que leia também as edições anteriores dessa série:
Planejar a ausência é mais difícil do que parece

A cadeira vazia revela o que ninguém quer admitir.
Quando o assunto é testamento, o problema quase nunca é técnico.
Não é o cartório, nem a lei, nem a dúvida sobre quem tem direito a quê.
A maioria das pessoas que adia essa decisão sabe, no fundo, que deveria resolvê-la.
Mas não resolve.
E é aí que entra o ponto central dessa carta: o peso emocional que envolve o ato de planejar a própria ausência.
Fazer um testamento é diferente de investir, contratar um seguro ou abrir uma holding.
Essas decisões falam sobre proteção, crescimento, estratégia.
O testamento fala sobre fim.
E, por mais que a gente saiba que todos vamos embora em algum momento, encarar esse fato por escrito, reconhecendo que o que construímos vai mudar de mãos, exige um tipo de maturidade que nem todo mundo tem.
Muita gente inteligente foge disso, porque, ao pensar na sucessão, percebe que tem feridas abertas.
Filhos distantes, relacionamentos rompidos, negócios que ainda não estão prontos pra funcionar sem o dono, e desejos que não foram organizados nem conversados com ninguém.
E nessas horas, é mais fácil empurrar com a barriga.
Eu entendo.
Planejar a própria morte é desconfortável.
É colocar o dedo em questões mal resolvidas.
É admitir que o tempo passa, que o controle escapa e que talvez a gente não seja lembrado como gostaria.
O problema é que, quando você evita essa conversa, transfere o desconforto para os outros.
E o que poderia ser resolvido hoje, com calma e clareza, acaba virando um problema familiar, financeiro e emocional amanhã.
A recusa do meu cliente não era técnica — era emocional.
Era a forma que ele encontrou de reagir à mágoa de ver os próprios filhos ignorarem o que ele construiu.
E é por isso que tanta gente adia esse tipo de decisão: porque ela exige encarar ausências que ainda estão vivas.
Exige olhar pro que não deu certo, pro que ficou mal resolvido — e, mesmo assim, fazer o que precisa ser feito.
Não é simples.
Não é confortável.
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O testamento é a sua última palavra

Colocar por escrito é um gesto de responsabilidade.
O testamento ainda carrega uma aura de formalidade fria, como se fosse apenas um pedaço de papel redigido por advogados em linguagem difícil, cheio de termos antiquados e com validade apenas para famílias muito ricas.
Mas isso é um erro — e um erro caro.
A verdade é que o testamento é um dos instrumentos mais acessíveis, flexíveis e poderosos quando se trata de organizar a sucessão.
Ele serve, sim, para distribuir parte do patrimônio, mas serve também — e talvez principalmente — para organizar intenções, dar clareza e evitar conflitos.
A legislação brasileira é clara: metade do patrimônio de uma pessoa é reservado aos chamados herdeiros necessários (filhos, cônjuge, pais).
Isso se chama parte legítima, e você não pode dispor dela livremente.
A outra metade, chamada de parte disponível, pode ser destinada a quem você quiser, e é aí que o testamento entra como ferramenta.
Com um testamento bem redigido, é possível:
proteger alguém que não seria beneficiado por padrão legal, como um enteado, um companheiro não formalizado, um funcionário de confiança, um afilhado, um irmão distante;
nomear quem deve ser o inventariante, ou seja, quem vai conduzir o processo de partilha, o que pode evitar muita briga;
designar um tutor para filhos menores de idade, ou um curador para herdeiros incapazes;
garantir que bens específicos, como um imóvel de uso familiar, uma peça de valor simbólico ou uma cota empresarial, fiquem com a pessoa certa, e não virem objeto de disputa.
E mais: o testamento pode conter palavras, razão e sentimento, explicando por que você está tomando certas decisões.
Pode deixar orientações que não constam em nenhum contrato, mas fazem toda a diferença na hora em que o silêncio da sua ausência ocupar o centro da sala.
Não é incomum ver famílias se desentendendo profundamente depois da morte de alguém, justamente por não haver uma linha sequer que explicasse o que aquela pessoa queria.
A justiça brasileira até consegue dividir os bens, mas só quem os acumulou conhece as histórias por trás de cada escolha.
Só quem viveu sabe o que merece cuidado.
Só o titular do patrimônio é capaz de evitar que a partilha se transforme num campo de batalha.
É por isso que eu costumo dizer que o testamento é, muitas vezes, a única palavra que será respeitada.
Porque no meio da dor, do choque e da urgência, ninguém quer interpretar sinais.
Todos buscam por clareza.
E, se essa clareza tiver sido deixada de forma legal, inequívoca e sensata, a chance de paz aumenta muito.
Fazer um testamento não é tentar controlar o futuro.
É dar chance para que o futuro não precise ser decidido por quem não tem as informações, a maturidade ou o contexto para tomar decisões certas.
Essa é apenas a primeira parte da conversa sobre testamento e sucessão.
Na próxima edição, vou te mostrar o que acontece, na prática, quando alguém tem — ou não tem — um testamento bem estruturado.
Casos reais, lições duras e o que você ainda pode fazer para evitar que tudo o que construiu vire disputa, litígio ou esquecimento.
A parte mais técnica vem agora.
Mas também a mais humana.
Até a próxima,
Gus
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🌿 O que alimenta a minha mente
Gosto de acreditar que o que consumimos molda o que construímos.
Livros, filmes, músicas — tudo o que alimenta a mente e o espírito também influencia nossas escolhas, nosso olhar e a forma como deixamos nossa marca no mundo.
De tempos em tempos, compartilho aqui um pouco do que tem me inspirado nos bastidores.
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Imóveis de Luxo em Família — Netflix
Um reality que mostra o dia a dia de uma família francesa especializada em imóveis de alto padrão. Além do entretenimento, é uma boa aula sobre comportamento, negociação e o universo das famílias mais ricas da Europa.
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